Era uma vez… eu!

Você já pensou em escrever suas próprias memórias, como a Emília, do Sitio do Picapau Amarelo, que as ditou para o Visconde de Sabugosa? Não? Não vai me dizer que acha que memórias são para ser escritas só por “gente importante”!

Muita gente pensa que, para escrever sua própria história, você tem que ser alguém especial: ou porque viveu muito, ou porque ocupou algum cargo importante, ou porque testemunhou algo relevante em sua vida. Mas afinal, o que é ser “alguém especial”? Cada ser humano, a sua maneira, é importante.

Menina escrevendo

Escrever a própria história não é só para personagens importantes da história. Você também tem história para contar! Coloque-a no papel (Foto: Melanie Holtsman / Flickr / CC BY-NC 2.0)

Nossas experiências de vida são únicas, já que ninguém vive a vida do outro. Ao mesmo tempo, são compartilhadas, pois temos experiências parecidas com as de pessoas que vivem em épocas e lugares próximos aos nossos.

Uma pessoa pode contar como aprendeu a cozinhar e depois ganhou a vida fazendo isso. Outra pode contar como cresceu no deserto e nunca se acostumou com a floresta. Há, ainda, aqueles que se orgulham de suas habilidades como marceneiros, outros que não se cansam de contar suas histórias da infância passada na rua, jogando futebol.

O fato é que, seja como for nossa vida, todos temos memórias de infância. Todos temos histórias para contar. E, uma vez contadas, nossas histórias serão lidas por outras pessoas, nossos filhos, netos e bisnetos, que, no futuro, vão querer saber como era a vida no inicio do século 21!

Então, que tal começar? Por onde você iniciaria sua história? Pelo dia do seu nascimento? Pela gravidez de sua mãe? Que tal tentar pela história de seus avós?

Prepare-se. Você vai precisar de caderno e lápis, e talvez até gravador e câmera de vídeo, se tiver. Faça um rascunho das perguntas que você quer fazer para seus avós, por exemplo (onde nasceram, quando nasceram, como era a sua infância, como conheceram uns aos outros etc) e convide-os para uma entrevista. Aposto que vão adorar contar a história deles para você!

Anote tudo – ou grave tudo, filme tudo. Depois, faça o mesmo com seus pais, até chegar à época do seu nascimento e dos seus irmãos, se você tiver. Faça uma árvore genealógica (veja a figura) com as informações de data e lugar de nascimento de seus avós, pais e irmãos. Se você conseguir informações sobre as gerações anteriores, melhor ainda. Faça pequenas ilustrações de cada um. Olha lá o que você vai desenhar para seus irmãos, hein?!

Árvore genealógica

A árvore genealógica é uma representação, em imagem, da sua família. Comece com você e seus irmãos, depois vá colocando seus pais, avós, bisavós... (Foto: Andrea Gutierrez / Flickr / CC BY-NC-ND 2.0)

Agora você esta pronto para contar sua história. Se você quiser ler algumas para se inspirar, vá ao Museu da Pessoa, um museu online totalmente dedicado às pessoas que querem compartilhar suas histórias.

Não se preocupe se você não contar tudo exatamente como aconteceu. Tem episódios na nossa vida dos quais a gente não lembra direito. De outros, gostamos tanto que até inventamos um pouquinho – afinal, como dizia a Emília, “a verdade é uma mentira bem pregada, da qual ninguém desconfia”. Tome o lápis nas mãos e boa escrita!

Matéria publicada em 27.04.2012

COMENTÁRIOS

Envie um comentário

Keila Grinberg

Quando criança, gostava de visitar a Biblioteca Nacional, colecionar jornais antigos e ouvir histórias da época de seus avós. Não deu outra: hoje é historiadora e escreve para a coluna Máquina do tempo.

CONTEÚDO RELACIONADO

Parque Nacional de Itatiaia

A primeira área de preservação ambiental do Brasil

Pequenos notáveis

Conheça os peixes criptobênticos!