Efeito Júlio Verne

Júlio Verne, escritor francês considerado pai da ficção científica (Foto: Felix Nadar / Wikimedia Commons)

Outro dia me peguei pensando em quando eu era garoto, e no que eu lia naquela época. Percebi que ainda me lembrava de alguns livros muito bons que marcaram a minha infância. Naqueles tempos, era muito comum que eu e meus amigos contássemos uns para os outros os livros que mais tínhamos gostado de ler, e foi ouvindo o relato de um amigo sobre um livro da série “Viagens Extraordinárias” que me interessei por Júlio Verne.

Se você nunca ouviu falar do escritor francês Júlio Verne (ou Jules Verne, seu nome original), não sabe o que está perdendo. Apesar de ter vivido e escrito seus livros há mais de cem anos, sua obra ainda é uma leitura deliciosa. Verne soube unir como poucos a narrativa de aventuras incríveis com a ciência e a tecnologia que sua época vislumbrava.

“Viagens Extraordinárias”, a coleção que me atraiu para a leitura das obras de Verne (Foto: Wikimedia Commons)

Seus livros tratam de expedições aos polos da Terra, descrevem descidas por vulcões, narram viagens em submarinos, balões, aviões, foguetes e até de carona em um cometa – coisas que, naquela época, ainda não era possível realizar.

Por isso, tem gente que acha que Júlio Verne era um visionário, um homem que imaginava coisas que seriam possíveis com o avanço da ciência e da tecnologia. Os anos teriam mostrado que ele estava certo quanto ao desenvolvimento de várias dessas invenções. Mas tem gente que acha que outro motivo pode estar por trás do desenvolvimento dessas maravilhas tecnológicas…

Pode ser que toda uma geração de jovens leitores tenha se encantado com as histórias de Júlio Verne e sonhado com um mundo em que aquelas invenções existissem. Mais tarde, vários desses jovens leitores terminaram a escola e foram estudar para se tornarem engenheiros, cientistas e inventores. Quantos deles não deviam sonhar em inventar aqueles objetos fantásticos que lembravam suas leituras da infância? Vamos chamar isso de “efeito Júlio Verne”.

Ilustração de (i)Vinte mil léguas submarinas(/i), uma das obras mais famosas de Verne (Foto: Wikimedia Commons)

Cada nova geração sonha com um mundo que ainda não existe, no qual é possível fazer coisas novas e maravilhosas. Hoje, submarinos, aviões, foguetes e sondas espaciais são objetos do cotidiano. Deixaram de ser sonho e viraram realidade. Assim,  já não fizeram parte dos sonhos da geração que hoje pesquisa e desenvolve novas tecnologias.

Acho que, quando eram crianças, os cientistas, engenheiros e inventores de hoje estavam sonhando em construir robôs, colonizar outros planetas, lutar com espadas de laser, inventar o teletransporte e a capa de invisibilidade. Boa parte deles já está lutando nos laboratórios e centros de pesquisa mundo afora para que tudo isso se torne realidade. O que será que estará nos sonhos das próximas gerações?