– Pai, por que as nuvens são brancas?
– Hmm. Boa pergunta. O que você acha?
– Ah, eu não sei…
– Que tal começar se perguntando se é verdade que as nuvens são brancas?
– É claro que são! Olha lá no céu!
– Isso prova apenas que ESTAS nuvens são brancas, não é?
– É, mas todas as nuvens são mais ou menos iguais… ehr… não são?
– O que você acha? Você consegue se lembrar de já ter visto alguma nuvem de outra cor?
– Hmm… Acho que não. Espere! As nuvens de chuva são mais cinzentas!
– Boa! Então, não é verdade que toda nuvem é branca, é?
– É, acho que não.
– O que será que faz com que as nuvens de chuva fiquem de uma cor diferente de uma nuvem comum?
– Sei lá, a nuvem de chuva deve ter água, por causa da chuva, e a nuvem comum, não.
– E como é que a água fica lá em cima no céu, e não cai da nuvem?
– Mas cai! É a chuva, não é?
– Sim, mas como é que ela chegou lá, então? E como é que ela sabe que tem que ir só para as nuvens de chuva, e não para as outras?
– Não sei. Mas acho que essas nuvens branquinhas também podem ter água, só que é diferente.
– Como assim?
– Não sei, deve ser uma fumacinha de água.
– Uma “fumacinha de água”?
– É, que nem quando eu tinha que fazer aquele negócio antes de dormir, de respirar aquelas nuvenzinhas que saíam daquela máquina.
– ???
– Quando eu era menor, pai!
– Ah, nebulização?
– Isso! Acho que era esse o nome.
– Hehehe. Acho que você pode estar num caminho bom. E por que você acha que a nuvem do céu e a nuvenzinha que você respirava quando fazia nebulização são a mesma coisa?
– Não sei se são a mesma coisa. Só disse que era parecido.
– Tem razão, desculpe.
– E eu lembro que você colocava um pouquinho de água dentro da máquina, acho que era isso que fazia a fumacinha.
– Mas então a fumacinha é água?
– Não sei, mas acho que tem alguma coisa a ver com a água.
– E a fumacinha da nebulização era de que cor?
– Ah, não sei, não tinha bem uma cor, como a nuvem. Era só uma fumacinha, meio transparente, mas meio esbranquiçada, eu acho.
– Ah! E onde mais você já viu esse tipo de fumacinha?
– Onde mais? Sei lá, acho que em lugar nenhum.
– Vamos lá, pense um pouquinho. Tenho certeza de que já viu alguma coisa parecida em outras situações. Dentro de casa, muitas vezes…
– Não lembro.
– Quando você toma banho muito quente, e eu reclamo que você vai acabar com o planeta, mas vai acabar antes com o dinheiro do papai, que tem que pagar as contas, o que é que…
– Ah, isso, quando eu fecho a água o banheiro está todo cheio de uma fumaça, é verdade.
– E quando você se olha no espelho, o que você vê?
– Eu mesmo?
– Sim, mas só depois de você fazer uma coisa.
– Ah, tenho que passar a mão no espelho antes, porque ele fica todo embaçado.
– Com quê?
– Com… a fumacinha?
– A fumacinha fica na sua mão depois que você passa a mão no espelho?
– Não, ficam umas gotas de… água! É isso, então essa fumacinha são gotas de água!
– Mas, se são gotas de água, por que é que elas não caem para o chão do banheiro, como as gotas de chuva, mas ficam voando por todo o banheiro, e se depositando no espelho, nas paredes, no teto etc.?
– Elas não são bem como gotas de chuva; gotas de chuva são maiores! Essas são gotinhas muito pequenininhas, nem dá pra ver direito que são gotas, só quando a gente passa a mão é que vê que é água.
– Aí está.
– Mas, espera, onde você vai? Você não respondeu por que as nuvens são brancas! E, pra dizer a verdade, eu ainda não entendi muito bem se essas fumacinhas e as nuvens são a mesma coisa, afinal. E as nuvens de chuva, por que são diferentes?
– Tenha paciência, filho. Talvez não pareça agora, mas juro que muito, mas muito mais importante do que saber as respostas é ter a curiosidade de fazer as perguntas. Isso e não se satisfazer com uma resposta qualquer. Continue assim. Agora vamos para casa.
– Mas a gente já tem mesmo que ir?
– Sim, já está tarde. Olhe lá, o Sol já se pôs, lá por detrás daquelas nuvens cor-de-rosa.
– Ah, puxa, tudo bem então.