Paralaxe. Eu sei, parece nome de remédio purgativo, mas é, na verdade, um efeito muito importante para quem quer medir alguma coisa… E é bem fácil de entender com um experimento em que você só precisa dos seus olhos e de um dedo.
Com seu braço esticado, levante um dedo. Agora, feche um de seus olhos. Repare no que está atrás do seu dedo, lá ao longe. Sem tirar o dedo da posição, feche o olho que estava aberto e abra o outro. Percebe que seu dedo parece se mexer em relação ao fundo, chegando mais para um lado? Como isso é possível, se você não o tirou da posição em que estava?
Não foi a posição do seu dedo que mudou, mas a posição de onde você o está observando. Um olho fica do lado esquerdo do seu rosto, o outro do lado direito: há uma distância de alguns centímetros entre eles. É como se você tivesse tirado uma foto do seu dedo e, depois, movido a câmera alguns centímetros para o lado para tirar outra.
Quando estamos com os dois olhos abertos ao mesmo tempo, nosso cérebro combina essas duas imagens – aliás é a paralaxe entre o que um e outro olho veem que nos dá a sensação de profundidade.
Ao vermos nosso dedo com os dois olhos, sabemos que ele está mais perto de nós do que a paisagem lá ao longe porque o cérebro, ao combinar as imagens dos dois olhos, percebe a paralaxe. Quanto maior a paralaxe, mais próximo está o objeto – você pode comprovar isso aproximando seu dedo do seu rosto e vendo como a paralaxe fica maior do que quando você tinha esticado o braço.
A paralaxe pode ser útil para nos dar informações sobre distâncias e ângulos. Por exemplo, ela é utilizada para determinar a distância até as estrelas mais próximas de nós.
Mesmo as estrelas mais próximas estão a uma distância muito grande e, se olharmos para elas fechando um dos olhos e depois trocando, como fizemos com o dedo, não vamos conseguir observar nenhuma mudança aparente na posição da estrela – os poucos centímetros que separam nossos olhos são uma distância muito pequena para que esse efeito se manifeste.
O que os astrônomos fazem, então, é tirar uma foto da posição da estrela em relação às outras, mais distantes, que estão “no fundo”. Seis meses depois, quando a Terra (e a câmera fotográfica deles) tiver dado meia volta em torno do Sol, eles tiram outra foto da mesma estrela, e combinam as duas imagens, mais ou menos como faz o nosso cérebro quando observamos o dedo de olhos abertos.
Haverá uma paralaxe, isto é, um pequeno desvio na posição da estrela que está próxima de nós em relação às estrelas mais distantes. Medindo este desvio, e sabendo a distância entre as posições em que as fotos foram tiradas – ou seja, sabendo o diâmetro da órbita da Terra em torno do Sol –, é possível determinar a distância entre nós e a estrela. Não é incrível?