Curiosidades do macaco George

Quem lembra da história do filme George, o curioso, com o simpático macaquinho e seu dono de roupa amarela, Ted? Ele conta a história de como o George escapou da África e foi parar nos Estados Unidos. Agora, quer saber de um detalhe tão curioso quanto o protagonista do filme? George pode ter sido inspirado nos macacos brasileiros!

Relembre a história do filme

Cartaz do filme “George, o curioso”, lançado em 2006.

Cartaz do filme “George, o curioso”, lançado em 2006.

Ted trabalhava em um museu que iria fechar por falta de visitantes. Para salvá-lo, resolveu ir à África e trazer de lá um ídolo de pedra, na esperança de que a nova atração trouxesse também novos frequentadores para o museu.

Quando vi isso, estranhei logo: parecia normal que um americano pudesse se apossar de uma estatueta de um ídolo africano e ninguém reclamasse de nada. Como assim? E se um africano resolvesse levar a estátua da liberdade para casa?

Bem, continuando, os planos de salvar o museu acabaram dando errado. A estatueta que Ted iria levar para casa era muito menor do que ele imaginava, e ele acabou carregando na bagagem o pequeno George, que adorou brincar com seu chapéu. Foi aí que começou a verdadeira aventura…

Histórias por trás da história

Em minhas investigações sobre George, o curioso, me deparei com a série de livros que deu origem ao filme. As histórias foram escritas nas décadas de 1930 e 1940 por um casal de judeus alemães que se conheceram no Brasil, Hans e Margret Rey.

O casal de alemães Hans e Margret Rey. Criadores de George, o curioso, eles se conheceram no Brasil e, mais tarde, mudaram-se para os Estados Unidos (Foto: H. A. & Margret Rey Papers, Grummond Children’s Literature Collection, McCain Library and Archives, The University of Southern Mississippi)

O casal de alemães Hans e Margret Rey. Criadores de George, o curioso, eles se conheceram no Brasil e, mais tarde, mudaram-se para os Estados Unidos (Foto: H. A. & Margret Rey Papers, Grummond Children’s Literature Collection, McCain Library and Archives, The University of Southern Mississippi)

Hans Rey veio pela primeira vez ao país depois que a Alemanha perdeu a Primeira Guerra Mundial. Nos anos 1920, ficou fascinado com o Rio de Janeiro, suas ruas coloridas, suas praias. Como fazia muito calor, ele usava um grande chapéu amarelo – igualzinho ao do personagem Ted. Hans aprendeu português, viajou pela Amazônia e desenhou os macacos que viu.

Quando Hitler chegou ao poder na Alemanha, em 1933, Hans percebeu que não poderia voltar para casa. Logo Hitler começou a colocar em prática sua política contra os judeus, o que fez com que a jovem Margret também procurasse o Brasil como refúgio. Foi assim que eles se conheceram, em 1935, e logo se casaram.

Ted, com seu inseparável chapéu amarelo, e George. Na história, os dois se encontraram na África, mas a vida dos autores me deixa a pulga atrás da orelha: será que a inspiração não veio, na verdade, do Brasil? (Imagem: Reprodução)

Ted, com seu inseparável chapéu amarelo, e George. Na história, os dois se encontraram na África, mas a vida dos autores me deixa a pulga atrás da orelha: será que a inspiração não veio, na verdade, do Brasil? (Imagem: Reprodução)

Pouco tempo depois, mudaram-se para Paris e, em 1940, já durante a Segunda Guerra Mundial, tiveram novamente que fugir – desta vez, de bicicleta, levando os originais de George, o curioso com eles. Da França, eles partiram em uma odisseia de cinco meses que os levaria à Espanha, a Portugal, de volta ao Brasil e, finalmente, aos Estados Unidos, onde viveram o resto de suas vidas.

Na verdade, então, Hans e Margret Rey não só nunca foram à África, como passaram um bom tempo no Brasil. Aqui, conheceram a floresta e passearam pelo rio Amazonas, observando bichos e plantas. Então, podemos imaginar, muito do que eles retrataram na história do George, o curioso deve ter sido inspirado em suas andanças no Brasil…

Só não entendi ainda o seguinte: se eles conheciam bem o Brasil e até a floresta amazônica, por que resolveram escrever uma história que se passava na África?

Quem me contou esta história foi minha amiga Paulina, mãe do Lalo e da Pia, duas crianças mais do que curiosas.