O título da coluna desta semana foi inspirado no ótimo livro Como fazíamos sem…, de Barbara Soalheiro (São Paulo, Panda Books, 2006). Se você não conhece, vale a pena! O livro tem respostas ótimas para perguntas que a gente nem sabia que tinha. Vai dizer que alguma vez você se perguntou como as pessoas viviam sem escovas de dentes (não vale dizer que era melhor!) ? Ou sem papel higiênico (certamente era pior)? Pois é, mas houve um tempo em que nada disso existia.
Abri o livro na esperança de saber como se vivia antes da descoberta dos remédios antibióticos. Afinal, verão, praia e sol não combinam com doenças. Perguntem para a minha filha, que mal chegou de viagem e já embarcou em uma semana de febre alta e… antibióticos! Hoje em dia, estes são remédios que nenhuma criança quer tomar, com aquele gosto horrível!
Como não achei nada no livro sobre os antibióticos, resolvi eu mesma ir atrás da informação. Os antibióticos são remédios contra doenças causadas pela presença de infecções causadas por bactérias em nosso corpo. O primeiro antibiótico moderno a ser descoberto foi a penicilina, pelo cientista Alexander Fleming. Em 1928, ao estudar uma bactéria, Fleming notou que o fungo Penicillium destruía as bactérias. Embora na época ninguém tivesse acreditado muito na sua descoberta, outros cientistas comprovaram mais tarde que era verdade. Durante a Segunda Guerra Mundial, a penicilina foi utilizada pela primeira vez em um paciente humano, e é usada até hoje, junto com outros remédios mais modernos.
Mas… e antes? Como as pessoas faziam para curar infecções? Esta é uma daquelas perguntas que ficam meio sem resposta. Há quem diga que os chineses usavam coalhada de soja para tratar de infecções. Outros usavam pão velho embolorado e até teia de aranha para tratar de ferimentos. Mas a verdade é que muitas doenças causadas por bactérias eram incuráveis. Não é a toa que a penicilina é considerada uma das grandes descobertas do século 20. E, se você precisar tomar um antibiótico algum dia, antes de se lamentar, é melhor pensar: ainda bem que existe!
Keila Grinberg
Departamento de História
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro