Ciência nos esportes

Espicha, salta, bate, estica, corre, pula e… Espicha novamente! Você já parou para pensar por que alguns dos movimentos que os atletas fazem em certos esportes parecem tão estranhos? A física tem algumas respostas!

Tem muita física na quadra de vôlei! (foto: Ministério da Defesa / CC BY 2.0)

Tem muita física na quadra de vôlei! (foto: Ministério da Defesa / CC BY 2.0)

Nos esportes em que os atletas saltam, por exemplo, muitos movimentos são feitos para tirar proveito de um fato físico básico: depois que o atleta pula e está no ar, o movimento de seu centro de massa não pode ser alterado, ou seja, ele vai subir até certa altura e depois cair. O centro de massa de um corpo é uma espécie de ponto médio em torno do qual a massa do corpo está distribuída de maneira igual. Por exemplo, em uma pessoa que está de pé e com os braços abaixados, ao longo do corpo, este ponto está dentro da barriga dela, mais ou menos acima do umbigo – isso quer dizer que metade da massa está acima deste ponto e a outra metade, abaixo. O interessante, no entanto, é que o atleta pode se mover durante o salto, modificando sua distribuição de massa, e, portanto, a posição relativa de seu centro de massa.

Note que o centro de massa (representado por um ponto) do atleta à esquerda está mais baixo. Veja o que acontece quando ele levanta os braços!

Note que o centro de massa (representado por um ponto) do atleta à esquerda está mais baixo. Veja o que acontece quando ele levanta os braços!

Um exemplo do que estamos falando acontece no voleibol. Se você reparar bem no movimento que o atacante faz, verá que ele pula com os dois braços levantados, mas, depois que já está no ar, abaixa um dos braços. Ele faz isso para que seu centro de massa fique um pouco mais baixo. Como já está no ar, o centro de massa dele já vai atingir a altura máxima (determinada pela velocidade com que ele saltou). Abaixar o braço faz, então, com que a parte do corpo que está acima do centro de massa chegue mais alto, ganhando aí alguns centímetros para tentar superar o bloqueio adversário. O mesmo movimento pode ser observado em jogadores de basquete, quando o jogo se inicia e o juiz lança a bola ao alto para os jogadores disputarem.

 

Teste do pulo

Se quiser, em casa, pule com os dois braços levantados, o mais alto que conseguir, e peça para um adulto colocar a mão na altura que você alcançou. Em seguida, pule abaixando um dos braços no meio do pulo, quando já estiver no ar. Você vai ver o quanto vai mais alto!

Nas corridas com obstáculos, os atletas fazem um dos movimentos mais complexos do esporte. Quando o atleta pula para vencer o obstáculo, ele perde contato com o chão, portanto não ganha velocidade — ao contrário, apenas perde, por causa da resistência do ar. Seu objetivo é conseguir retomar o mais rapidamente possível o contato com o chão para poder continuar acelerando para frente. Aqui ele tem o problema oposto do atacante do voleibol: precisa subir bastante seu centro de massa para que a parte de baixo do seu corpo desça o máximo possível. Ele faz isso mantendo erguida a perna que passa por último sobre o obstáculo, pelo menos até que a perna que passou primeiro toque o chão. Só então ele abaixa o outro membro.

Estes são apenas poucos exemplos de como a física está intimamente relacionada com o desempenho dos atletas nos jogos. Reveja os vídeos das competições olímpicas com olhar de cientista: observe os detalhes dos movimentos dos atletas e tente enxergar a física por trás deles. Quem sabe essa observação ajuda você a se tornar um atleta?

Matéria publicada em 24.08.2016

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Beto Pimentel

O autor da coluna A aventura da física é apaixonado por essa ciência desde garoto. Hoje, curte também dar aulas e fazer atividades criativas em contato com a natureza e com as outras pessoas.

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