Como é bom viajar! Conhecer novas paisagens, pessoas, comidas, cheiros. Quando viajo, lembro-me de um poeta chamado Gonçalves Dias. Na escola, costumávamos recitar um poema chamado Canção do exílio, escrito há mais de 150 anos, na época em que o artista viveu longe do Brasil, em Portugal:
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Esses versos me faziam imaginar o sofrimento de Gonçalves Dias, afastado de seu país, de sua família e dos locais de que tanto gostava. Percebi logo que viajar é bom, mas ter para onde retornar é melhor ainda.
Lembrei de todos esses fatos porque viajei por longas distâncias e visitei o lugar onde Gonçalves Dias nasceu: o Maranhão. Para descobrir fósseis, o paleontólogo precisa viajar, pesquisar e procurar pelos vestígios da vida na Terra. Mas onde encontrá-los?
Os fósseis ocorrem em regiões com rochas sedimentares. As rochas sedimentares são as formadas por detritos de outras rochas ou as depositadas como sais em locais que foram lagos, mares, rios, desertos ou geleiras no passado. Para você ter uma ideia, se o Brasil fosse dividido em cem partes iguais, setenta seriam formadas por essas rochas. Portanto, em nosso país, há muitos locais onde se pode tentar achar bichos e plantas do passado.
Um paleontólogo pode procurar por fósseis nas rochas sedimentares que estão expostas ao longo das margens de rios, em encostas de montanhas e, acredite, até mesmo nas que ficam visíveis quando se abre uma estrada ou túnel. O importante é que ele encontre um local onde possa observar as camadas de rocha que estão localizadas abaixo da superfície. Quanto mais profundo, melhor. Isso porque, longe da superfície, os fósseis estão mais protegidos da ação do vento, da chuva, do calor e do frio, que vai decompondo as rochas e também esses vestígios da vida do passado.
Não pense, porém, que é fácil encontrar fósseis: você sabia, por exemplo, que as rochas podem ficar como que apodrecidas? Pois é. E, como parte integrante da rocha, os fósseis acabam indo pelo mesmo caminho. A vegetação também pode impedir que se observe as camadas de rochas mais internas e que não tenham sido alteradas ao longo do tempo. Além disso, é preciso esforço: viajar por rios, estradas ruins, subir e descer montanhas e até se embrenhar pelas matas. Muito trabalho e dificuldade para, às vezes, nada encontrar. Porém, quando ocorre a descoberta, não há nada melhor!
Assim, podemos lembrar Gonçalves Dias e também recitar:
Minha terra tem muitos fósseis,
Onde estão? Sei lá!
Se nós não os procurarmos,
Nossa pré-história não existirá.
Para encontrar os fósseis, devemos procurá-los pelas imensidões das terras brasileiras e também estudá-los em laboratório, onde podemos entendê-los melhor a partir de observações em microscópio e análises químicas.
Contamos com você para fazer essas descobertas, que podem se tornar realidade com estudo e dedicação. Lembre-se: viajar é bom, mas quando a viagem ocorre por meio da descoberta, do conhecimento e da imaginação, tudo fica muito melhor!