“Até mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão.
Então eu disse adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração.”
Os versos acima são da música “Asa branca”, do cantor e compositor Luiz Gonzaga – conhecido como “o rei do baião”. Sua letra fala do sofrimento do povo do sertão nordestino, onde a falta de chuva durante boa parte do ano leva muita gente a se mudar para tentar a vida em outro lugar. Até mesmo a asa-branca fugiu da seca do sertão, diz a música. Mas o que é uma asa-branca?
Asa-branca é um dos nomes que a população dá para a maior espécie de pombo do Brasil, chamada assim porque suas asas possuem uma faixa branca bem característica. Os especialistas, porém, dão a esta espécie o nome científico Patagioenas picazuro.
Patagioenas é uma palavra de origem grega, que pode ser traduzida como “pombo que faz barulho”. O motivo para isso pode estar no som do ruflar das asas dos pombos quando eles levantam voo.
O nome picazuro, por sua vez, tem origem guarani, língua de alguns povos indígenas da América do Sul, falada até hoje pela população do Paraguai – país onde a asa-branca foi catalogada pela primeira vez por cientistas, no século 19. Lá os indígenas davam a esta espécie o nome picazú-ró, que significa “pombo amargo”. Segundo eles, a carne desta ave ficava amarga se ela se alimentasse de certos frutos.
Os versos da música de Luiz Gonzaga cantam que, quando a seca é intensa no sertão, as asas-brancas voam para outras regiões. Mas há locais onde essa espécie enfrenta ainda um perigo maior que a seca, o ser humano. Especialmente no nordeste, as asas-brancas estão se tornando menos comuns por causa da caça. Um costume que, se continuar, pode tirar da natureza a ave que dá nome a uma das músicas mais famosas do Brasil.
Henrique Caldeira Costa,
Departamento de Zoologia
Universidade Federal de Juiz de Fora
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