Quem nunca viu uma barata? Esse é um dos bichos mais comuns nas cidades. Detestados por muita gente, esses insetos têm fama de gostar de lixo, de esgotos e… de entrar na nossa casa! Mas sabia que a maioria das baratas não é assim?
Os cientistas conhecem hoje cerca de 4.500 espécies diferentes de baratas e menos de vinte vivem em ambientes ocupados pelo ser humano, como as cidades e os nossos lares.
Americana por engano
A espécie de barata mais comum é conhecida como barata de esgoto, barata-vermelha ou barata-americana. Seu nome científico é Periplaneta americana, mas… ela não é nativa das Américas! Quando o sueco Carl Linné a batizou em 1758, ele pensou que essa espécie fosse originária do continente americano. Porém, os cientistas descobriram, tempos depois, que a terra natal da Periplaneta americana é a África. Essa espécie chegou ao nosso continente de carona nos navios que transportavam africanos como escravos para a América. Ela entrou neles e… acabou desembarcando por aqui!
Barata!
Essa palavra vem de blatta, que era como as pessoas chamavam esses insetos em latim. Em francês, o nome é ainda mais parecido: blatte. Já em inglês, barata é cockroach, que pode ter surgido a partir do nome em espanhol, cucaracha (o aumentativo de cuco, como é chamado um determinado inseto).
Mas não é só o nome da Periplaneta americana que gera confusão. A Periplaneta australasiae, por exemplo, foi batizada assim porque se pensava que ela fosse nativa da Austrália e da Ásia. Mas os cientistas descobriram que essa barata, na verdade, foi introduzida na Austrália. Ou seja, não vivia lá originalmente. Apesar disso, a espécie ainda hoje é conhecida como “barata-australiana” e até no Brasil é encontrada.
A palavra Periplaneta, presente no nome científico de algumas espécies de barata, tem origem grega e quer dizer “passear” ou “andar por aí”. Um significado que cai muito bem para um bicho que hoje ocorre em boa parte do mundo, transportado acidentalmente pra cá e pra lá pelos seres humanos, não é mesmo?
A Blattella germanica — conhecida em nosso país como “barata de cozinha” — também tem um nome capaz de enganar os desavisados. Embora a palavra germanica faça referência à Alemanha, a terra natal dessa barata é, na verdade, a Ásia: algo que não se sabia quando ela foi batizada. Hoje, em diversas partes do mundo, é possível encontrar essa espécie, que tem tamanho pequeno e, não por acaso, pertence ao gênero Blattella, que quer dizer “baratinha” em latim.
Arabé: a barata brasileira
Como você deve ter percebido, as baratas mais conhecidas no Brasil não são daqui. O nosso país, no entanto, tem uma grande diversidade de espécies nativas de baratas, chamadas pelos indígenas de arabé, nome que, nas línguas tupi e guarani, significa “aquele que é chato”, por causa do corpo achatado desses bichos.
A Eushelfordia amazonensis, por exemplo, é uma autêntica arabé. Seu nome é uma homenagem ao pesquisador Robert W. C. Schelford, grande especialista em insetos, e à Amazônia, região em que vive! Já a Hiereoblatta cassidea, encontrada no sul do Brasil, foi batizada assim por causa de sua aparência. Repare: a forma e a cor marrom da carapaça que recobre a sua cabeça lembram o capuz de um frade e até mesmo um capacete. Daí os nomes Hiereoblatta (“barata sacerdote”, numa mistura de grego e latim) e cassidea (“em forma de capacete”, em latim).
Gostou de saber mais sobre os nomes das baratas? Agora, quando alguém der de cara com um inseto desse tipo, você vai ter uma boa história para contar!
Parece, mas não é
Existem bichos popularmente chamados de baratas-d’água, que não são baratas. Trata-se, na verdade, de um grupo aparentado com os barbeiros e percevejos (foto: Caio A. Figueiredo de Andrade).