Brasileiros do passado

Então, depois de navegar pelo oceano, Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil em 1500. Opa! Aposto que essa frase ‐ ou uma muito parecida com essa ‐ já fez parte de uma das suas aulas de história. Acertei? Pois é. Mas você sabia que a história do Brasil não começou por aí? Antes da chegada dos colonizadores, muita coisa já existia por essas terras. E não pense que eu estou falando só de árvores e animais, não!

Crânio de brasileiro de mais de 11 mil anos achado na Toca dos Coqueiros, no Parque Nacional da Serra da Capivara (PI).

Quando chegaram aqui, os portugueses encontraram, além das riquezas naturais, vários povos nativos. Cada um tinha sua própria cultura e uma forma de se organizar, mas os colonizadores classificaram todos em um só grupo e lhes deram o nome genérico de índios. Séculos depois, a exposição ANTES – histórias da pré-história , em cartaz no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro, resgata as peculiaridades de cada um desses povos.

Esse zoólito, em forma de pássaro com asas abertas, foi encontrado no sambaqui do Cubatão (SC).

Em geral, os povos pré-históricos viviam em pequenos grupos formados sobretudo por jovens e crianças, já que as pessoas não costumavam viver mais de 30 anos. Como eles não tinham escrita, a melhor forma de descobrir detalhes de sua vida é estudar objetos e esqueletos descobertos em escavações arqueológicas feitas por todo o país. A mostra do CCBB reuniu esses ‘tesouros’ espalhados por museus nacionais e internacionais e os dividiu pelas três grandes regiões do Brasil de antigamente: o litoral, o interior e a Amazônia.

Reconstituição da textura de um sambaqui, exposta no CCBB

A região litorânea é representada pelos zoólitos ‐ esculturas feitas em pedra ou osso que representavam figuras humanas ou animais, em sua maioria peixes e aves. Grande parte das peças foi encontrada em montes feitos de areia, terra e conchas: os sambaquis. Sobre eles, os índios construíam pequenas casas e enterravam seus mortos.

Muraquitã da cultura Tapajó encontrado no Pará. Adornos e pingentes como esse, geralmente feitos de pedra, eram comuns entre os índios da Amazônia. Os europeus acreditavam que eles curavam doenças e traziam sorte

Na Amazônia, viviam grupos produtores de cerâmicas simples. Mais tarde, por volta do século 5, surgiram sociedades que desenvolveram essas técnicas e produziram peças mais elaboradas ‐ as mais belas da exposição. Infelizmente, esses povos, como o da ilha de Marajó, no Pará, e o de Maracá, no Amapá, desapareceram misteriosamente.

Detalhe da Pedra Lavrada do Ingá

Por fim, a parte da mostra dedicada ao interior do país destaca a arte que foi feita sobre as rochas dos planaltos brasileiros. Um telão mostra imagens das pinturas rupestres encontradas no Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí. As ‘obras de arte’ têm como tema principal cenas do cotidiano, com homens, objetos e animais. Também são mostradas gravuras rupestres ‐ imagens entalhadas em pedra. Quem passar por lá vai poder conferir a réplica da gravura mais famosa do Brasil, a Pedra Lavrada do Ingá, encontrada na Paraíba.

Além disso, uma sala especial é dedicada às tecnologias utilizadas pelos brasileiros antes da chegada dos europeus ‐ pintura, cerâmica, cestaria etc. Nela, os visitantes podem observar a maquete de um tipo de habitação indígena pouco conhecido hoje em dia: as casas subterrâneas, encontradas no Sul e no Sudeste do Brasil.

Réplica da ossada de uma preguiça gigante. Também estão expostos alguns ossos do animal, encontrados no Parque Nacional da Serra da Capivara (PI)

E não pára por aí! Outros espaços são dedicados à megafauna da pré-história brasileira, ou seja, às espécies de animais gigantes que habitavam nosso país. A réplica de um esqueleto da preguiça gigante, por exemplo, espera os visitantes logo na entrada da exposição. O animal era o maior mamífero da América do Sul e chegava a pesar quatro toneladas e medir seis metros de comprimento da cauda ao focinho! Você encararia essa?

ANTES ‐ histórias da pré-história
Centro Cultural do Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março 66, Centro, Rio de Janeiro.
Informações: (21) 3808-2020
Em cartaz até 09/01/05
De terça a domingo, das 10h às 21h
(às quintas, das 10h às 22h)
Entrada franca!

Matéria publicada em 09.11.2004

COMENTÁRIOS

  • Maria Eduarda

    amei esse artigo, me ajudou muito nos estudos

    Publicado em 3 de setembro de 2020 Responder

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Catarina Chagas

Desde criança gosto de ler, inventar histórias e descobrir novidades. Cresci e encontrei um trabalho em que posso fazer tudo isso.

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