Brasileiras de oito pernas

As aranhas caranguejeiras, com suas longas pernas e corpo coberto por pelos, metem medo em muita gente. Mas você já imaginou que um animal desse tipo pode ser dócil? Pois assim é uma espécie recém-descoberta por cientistas brasileiros e outra que eles acabam de estudar melhor: a Avicularia sooretama e a Avicularia diversipes. Habitantes da Mata Atlântica, elas raramente picam alguém e têm um veneno inofensivo para o ser humano. As duas foram pesquisadas pelos biólogos Rogério Bertani e Caroline Fukushima, que, para completar, ainda descobriram mais uma espécie de aranha caranguejeira na Mata Atlântica: a Avicularia gamba.

A aranha caranguejeira 'Avicularia gamba' foi recentemente descoberta na Mata Atlântica. As fêmeas da espécie, como esta, medem cerca de seis centímetros (foto: Rogério Bertani)

Longe dos buracos, perto das árvores

Essas três aranhas apresentam peculiaridades que as tornam bastante interessantes e especiais. Diferentemente das cerca de 2000 espécies de caranguejeiras já catalogadas, que geralmente vivem em buracos, as que foram pesquisadas pelos biólogos do Instituto Butantan preferem os troncos e os galhos das árvores para tecerem teias e construírem refúgios. Por isso, são chamadas de arborícolas.

Longe dos buracos, perto das árvores

Essas três aranhas apresentam peculiaridades que as tornam bastante interessantes e especiais. Diferentemente das cerca de 2000 espécies de caranguejeiras já catalogadas, que geralmente vivem em buracos, as que foram pesquisadas pelos biólogos do Instituto Butantan preferem os troncos e os galhos das árvores para tecerem teias e construírem refúgios. Por isso, são chamadas de arborícolas.

É do Brasil!

Mas não é só. Também podemos dizer que essas aranhas caranguejeiras são autênticas brasileiras de oito pernas! Isso porque elas existem apenas no Brasil, em uma região específica da Mata Atlântica. Para você ter uma ideia, a Avicularia gamba e a Avicularia diversipes são encontradas somente no sul da Bahia. Já a Avicularia sooretama ocupa uma área limitada entre o sul da Bahia e o Rio de Janeiro.

Veja como é a 'Avicularia sooretama' quando jovem (foto: Rogério Bertani).

Difícil descoberta

“O fato de essas espécies serem características de certa área geográfica é uma das razões pelas quais elas ainda não haviam sido descobertas”, explica Rogério Bertani. Segundo o biólogo, não há, no país, pesquisadores suficientes para estudar todas as espécies de uma fauna tão rica como a brasileira. É por isso que mesmo o estudo de animais já conhecidos, como a Avicularia diversipes, descrita em 1842, é importante. “Havia apenas informações gerais sobre essa espécie. Agora, a descrição está mais detalhada, pois acrescentamos desenhos, medidas e fotos“, conta.

Sob diferentes ameaças

Mas você acredita que as três espécies de aranhas caranguejeiras que foram estudadas pelos biólogos do Butantan e da Universidade de São Paulo já estão ameaçadas?! Por viverem num local onde o desmatamento é intenso, esses bichos correm o risco de perderem suas moradias e, sem as árvores, não conseguirem sobreviver. Para piorar, o comércio ilegal também põe esses animais em risco.

A aranha caranguejeira 'Avicularia diversipes' já era conhecida pelos cientistas desde 1842. Quando adulta, ela chega a medir nove centímetros de comprimento com as pernas esticadas (foto: Caroline Fukushima).

Desde 2007, a Avicularia sooretama e a Avicularia diversipes, por serem dóceis, são vendidas na Europa como animais domésticos. Além de representar um crime contra a natureza, essa prática facilita o uso desses bichos em pesquisas no exterior, o que prejudica o trabalho dos nossos cientistas, que tanto se esforçam para estudar e nos apresentar a fauna brasileira.