Já imaginou como seria uma ave com corpo de pinguim, bico de papagaio, pé de pato e ainda topete louro? Aposto que não. Mas essa ave existe e tem o nome de papagaio-do-mar-de-tufos (Fratercula cirrhata). Ele é considerado uma das aves marinhas mais lindas e diferentes do mundo e não é tão fácil encontrá-lo. Eu precisei viajar até o Alasca, nos Estados Unidos, para observar um exemplar desta espécie!
A viagem longa valeu a pena. Essa região, famosa pelo clima muito frio e paisagens cheias de gelo, tem uma primavera muito bonita. Na ilha de São Paulo, que fica próximo ao litoral e tem pouquíssimos habitantes humanos – cerca de 500! –, a natureza guarda boas surpresas para essa estação do ano.
Além do papagaio-do-mar-de-tufos, podemos observar por lá um parente seu, o papagaio-do-mar-de-chifres (Fratercula corniculata). Ele ganhou esse nome porque possui, acima dos olhos, duas pequenas estruturas pontudas que lembram os chifres de alguns mamíferos. Seu bico é de um colorido incrível e as patas, de um laranja chocante!
Você pode estar se perguntando se essas cores vibrantes e esses apetrechos na cabeça não atraem atenção de predadores. Bem, essa é a pergunta que todos fazem quando encontram com essas simpáticas aves. A resposta é boa: na verdade, a única ameaça para essa espécie na ilha de São Paulo são as raposas-do-ártico (Vulpes lagopus). Como vivem em regiões com duras condições climáticas, elas caçam qualquer coisa que esteja disponível, incluindo aves e seus ovos.
Felizmente para os papagaios-do-mar, eles se adaptaram bem à região, adquirindo o hábito de construir seus ninhos em lugares inacessíveis para outros animais, como fendas nas rochas de enormes penhascos. Escapam, assim, de virar jantar de raposa! Sem sucesso na caça às aves, o predador caça pequenos roedores silvestres encontrados na ilha.
Outras espécies curiosas
O Alasca é lar de muitas outras espécies curiosas de aves, como a alca-de-crista (Aethia cristatella). Ela possui um engraçado topete em sua testa, logo acima dos olhos, que diminui durante os meses de inverno. E tem mais: na época de reprodução, a pequenina ave produz um odor semelhante à tangerina, que serve para atrair um parceiro.
Já a alca-pequena (Aethia pusilla), como o nome diz, é ainda menor em tamanho. Suas asas são tão pequenas que precisam batê-las freneticamente para voar, aparentando que vão cair a qualquer momento. Esta é a espécie de ave marinha mais abundante da América do Norte e uma das mais abundantes do mundo.
Voltando para casa
Essas e outras aves marinhas, embora tenham o Alasca como lar, não passam o ano todo por lá. Como dissemos, a região é muito fria e, nos meses de inverno, as aves voam para o alto mar, onde passam oito meses por ano sem colocar os pés no chão – ficam apenas boiando na superfície da água ou voando sem um destino certo.
Especialistas ainda não sabem explicar para onde elas vão, mas uma coisa é certa: a primavera é época de voltar para casa! Todos os anos, a chegada da primeira ave marinha na ilha de São Paulo é comemorada pela população local e pelos turistas com pulos de alegria, seguido de longas horas de observação com binóculos para melhor entender o comportamento e biologia dessas curiosas aves.