Provavelmente você tem muitas histórias na sua família que passaram de geração em geração. Aconteceu com seu bisavô, que contou para seu avô, que contou para seu pai e que contou para você. E com certeza você contará para seus filhos, que contarão para seus netos e assim por diante. Cada vez que o episódio é contado, surge uma nova versão recheada de novos detalhes, mais colorida.
Muito antigamente, a história da humanidade também era contada na forma de lendas e poemas. Aos verdadeiros fatos eram acrescentados elementos mitológicos — como dragões e bichos de cem olhos — que transformavam seus protagonistas em heróis.
Porém, no século 5 antes de Cristo, na região onde hoje fica a Grécia, viveu um sujeito chamado Heródoto. Esse heleno (nome dado ao povo grego naquela época) trouxe inovações que deram início à pesquisa histórica como hoje a conhecemos, que busca estudar o passado para entender o presente. Por isso, ele é conhecido como o Pai da História.
Heródoto escreveu uma série de manuscritos, que hoje podemos encontrar na forma de nove livros, contando a história das guerras que aconteceram entre o império Persa e as cidades-estado gregas e também dos dois séculos que as precederam. Essas guerras duraram de 492 a 479 antes de Cristo e ocorreram porque, com desejo de expandir seu império, os persas submeteram as colônias gregas da costa do Mar Jônio ao seu domínio. Mas foram os gregos que venceram essas guerras, que marcaram a transição da civilização helena arcaica para a chamada civilização clássica.
Nove livros
Cada um dos nove livros tem o nome de uma das nove musas da mitologia grega que inspiram os artistas mortais. O primeiro chama-se Clio, a musa da História; o segundo, Euterpe, a musa da Música; o terceiro, Talia, a musa da Alegria; o quarto, Melpomene, a musa da Tragédia e Poesia Lírica; o quinto, Terpsícore, a musa da Dança; o sexto, Erato, a musa da Poesia Erótica; o sétimo, Polímnia, a musa da Ciência; o oitavo, Urânia, a musa da Astronomia e da Geometria; e, por último, Calíope, a musa da Poesia Épica.
Para escrever seus manuscritos — chamados de História — e descrever as guerras e o Império, Heródoto investigou o povo persa e os povos subordinados a ele, pesquisou sobre os costumes desses povos, analisou sua história e se preocupou em registrar os fatos contados pelas pessoas que faziam parte desses povos. Era a primeira vez que um historiador buscava no passado elementos que pudessem explicar o contexto do presente (nesse caso, o mundo grego do século 5 antes de Cristo).
Como Heródoto não era da cidade grega de Atenas — ele nasceu em Halicarnasso e lá viveu por um bom tempo –, foi capaz de entender melhor a cultura dos povos que descreveu. Atenas era o centro cultural do mundo grego, o lugar onde a arte teve um rápido desenvolvimento e a filosofia sofreu mudanças que marcariam a história da humanidade. Porém, esses avanços não ocorreram na Grécia de forma uniforme e os helenos de Atenas se consideravam superiores aos outros povos gregos.
Quando adulto, Heródoto deixou sua cidade natal, Halicarnasso, que estava submetida ao domínio persa, e seguiu para Samos, outra cidade grega. Graças a esse exílio, ele iniciou uma série de viagens para lugares como o Egito, o Mar Negro, a Itália, a costa norte da África e o Oriente Médio. Nessas viagens, Heródoto conversou com muitas pessoas. A partir de suas observações, ele escreveu a primeira grande descrição do mundo antigo, contribuindo para o nosso conhecimento da civilização grega clássica.
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