Você pode pensar que, como os lobisomens e os vampiros, as sanguessugas fariam bonito em um filme de terror. Porém, apesar da fama, nem todas as espécies são sugadoras de sangue. Encontradas em todo o mundo, as sanguessugas têm algo em comum com as minhocas e hábitos que nos fariam lembrar os macacos!
Como as minhocas, as sanguessugas são animais invertebrados que têm o corpo dividido em anéis. Já a sua relação com os macacos tem a ver com algumas espécies de sanguessugas encontradas nos trópicos, que são arborícolas. Isso mesmo! Vivem em árvores. Em geral, as sanguessugas vivem na água doce, mas há também espécies marinhas, e outras que vivem na argila úmida ou na lama. Ou seja, elas podem estar em toda a parte.
Surpreendentes!
Outra informação surpreendente sobre as sanguessugas é o fato de elas serem hermafroditas. Isto é, apresentam os dois sexos ao mesmo tempo: o feminino e o masculino.
Apesar do nome, nem todas as sanguessugas se alimentam de sangue. Algumas espécies comem pequenos vermes, moluscos, minhocas e até outras sanguessugas. As sanguessugas que têm o sangue como alimento, chamadas hematófagas, se dividem em dois grandes grupos: o das sanguessugas que perfuram a pele do hospedeiro com o auxílio de mandíbulas para obter o sangue e o das sanguessugas que introduzem uma estrutura que poderíamos comparar a uma tromba ou a um canudo – a probóscide – nos poros da pele, sugando, assim, o sangue diretamente do vaso sanguíneo.
Dentro desses dois grandes grupos, existem mais de 500 espécies de sanguessugas! Todas elas são consideradas parasitas. Vamos entender o porquê?
Sedentas por sangue
As sanguessugas hematófagas são consideradas parasitas porque precisam sugar o sangue de um hospedeiro para sobreviver. Elas se alimentam principalmente do sangue de vertebrados, como bois, cavalos, répteis, peixes, seres humanos etc.
Para se prender às suas vítimas e se movimentar, as sanguessugas contam com as ventosas, estruturas que poderíamos comparar a um desentupidor de pia. Com grandes ventosas na parte posterior do seu corpo e pequenas ventosas na parte anterior dele, perto da boca, as sanguessugas se deslocam por movimentos de “mede-palmos”, ou seja, se encolhem e rastejam. Elas fixam-se na vítima pela ventosa posterior e sugam um volume de sangue maior do que o seu próprio tamanho!
Isso mesmo: uma sanguessuga pode ingerir entre três e dez vezes o seu volume em sangue. Por conta do peso que atingem depois de comer tanto, elas se desprendem do animal parasitado logo após a refeição. E, se bobear, aquela será a única do ano…
Um santo remédio
Apesar de assustadoras para nós, hoje, as sanguessugas foram utilizadas durante séculos na medicina. Elas eram empregadas para fazer sangrias, isto é, para extrair sangue de uma pessoa doente, uma prática que teve início na Grécia Antiga.
A terapia com esses animais era utilizada para aliviar a dor e a inflamação, e existem explicações para o seu sucesso. Na saliva da sanguessuga, além de substâncias que evitam a coagulação do sangue, há também compostos analgésicos e anestésicos que diminuem a dor. Com o desenvolvimento da química para produção de remédios, o tratamento com sanguessugas foi esquecido. Ainda bem, não é?
(Quer saber mais sobre as sanguessugas? Leia o texto completo na CHC 151!)