Escola quilombola é uma conquista recente e foi criada por um motivo especial. Acompanhe… Cem anos depois da abolição da escravatura, a Constituição Brasileira – como é chamado o conjunto de leis do nosso país – reconheceu os direitos das comunidades quilombolas. Então, desde 1988, o governo é obrigado a dar aos descendentes dos escravos os títulos de propriedade dos quilombos, terras ocupadas pelos seus antepassados. Além disso, o governo também é responsável por garantir todos os direitos dos cidadãos nos quilombos, o que inclui saúde, cultura e educação.
Mas, vamos pensar: para que a história dessas comunidades não se perca e também para preservar os hábitos e os costumes que os escravos africanos trouxeram e foram sendo passados de geração em geração, as pessoas hoje devem ter conhecimento de tudo isso, certo? Esta é a razão pela qual surgiu a escola quilombola!
Que escola é essa?
A educação quilombola é um programa do Governo Federal que tem o propósito de manter vivas a cultura e história dos quilombos. Esse programa atende às escolas quilombolas e as outras instituições de ensino localizadas próximas às comunidades quilombolas, cuja maior parte se localiza em regiões rurais.
O ensino nas chamadas escolas quilombolas inclui o conteúdo escolar regular, que é dado para todos os estudantes, mas destaca a explicação da formação dos quilombos, da relação Brasil-África e da mistura da cultura africana coma brasileira. É uma escola igual a qualquer outra, porém diferente neste aspecto, concorda? A diferença é que a escola quilombola é construída com recursos do Programa Brasil Quilombola, do Governo Federal. São espaços pensados para os quilombolas e que em tudo lembram a herança cultural dos quilombos.
Comunidade da Caveira, um exemplo!
No dia 28 de maio de 2013, foi inaugurada na comunidade da Caveira, que fica no município de São Pedro da Aldeia, no Rio de Janeiro, a Escola Quilombola Rosa Geralda da Silveira – a primeira escola quilombola construída no estado do Rio de Janeiro. O nome é uma homenagem a uma antiga moradora do quilombo, conhecida como Dona Rosa da Farinha, uma líder da comunidade que lutou pelos direitos dos trabalhadores rurais.
A escola, que leva o nome da moradora ilustre, tem seis salas de aula, uma biblioteca, uma sala de informática, um refeitório, salas de professores e diretor, recepção e secretaria e… Muitas crianças, é claro! Lembrou-se da sua escola? É isso mesmo, muito parecida!
A instituição é ainda pequena, conta com uma diretora e três professores contratados pela prefeitura para atuar em com exclusividade na instituição. A diferença está no conteúdo especial que, como vimos, tem a ver comas raízes do quilombo. Além disso, a escola é decorada com motivos étnicos, ou seja, com objetos, pinturas e outros elementos que lembram as histórias dos africanos, dos escravos brasileiros e de seus descendentes.
Essa escola é uma grande conquista para a Associação dos Remanescentes do Quilombo da Caveira.
O mistério das ossadas
A Fazenda da Caveira– também chamada Comunidade da Caveira ou Quilombo da Caveira – foi batiza da com esse nome porque lá foram encontrados ossos humanos. Os moradores contam que essas ossadas pertenciam a escravos que chegavam muito debilitados depois da fuga, morriam e eram enterrados em covas rasas.
(Texto originalmente publicado na CHC 251.)