Está duvidando? Pois é verdade. Elas, que quando aparecem costumam causar rebuliço e náuseas, têm perfume irresistível para… Outras baratas, claro! Os machos da espécie Leucophaea maderae, por exemplo, usam seu perfume para atrair e conquistar as fêmeas. O cheirinho especial sai de suas costas, debaixo das asas. Aí, é amor à primeira cafungada!
A dona barata, como outros insetos, percebe odores (e também sabores) por meio de suas antenas. Então, atraída pelo cheiro do macho, ela chega bem perto dele, toca-o com suas antenas e sente outros aromas que revestem o corpo do conquistador. Dessa maneira, a fêmea confere se o candidato a namorado, de fato, lhe interessa.
Nesse momento, o macho, que não quer se arriscar a ver dona barata indo embora, utiliza outra estratégia de conquista: levanta bem as suas asas, deixando-as quase na vertical, e dali sai um alimento rico em proteínas que ele mesmo produz, por meio de glândulas, e oferece à fêmea. Mas, para experimentar essa iguaria, que para as baratas deve ser uma delícia, a fêmea precisa subir nas costas do macho. E, com ela distraída se alimentando, o macho aproveita para introduzir seu órgão reprodutor – que fica no final do abdômen – e acasalar.
As baratas fêmeas não acasalam com qualquer macho que aparece. Pelos odores que eles exalam, elas identificam aqueles considerados dominantes – aqueles, digamos, bons de briga, que saem vencedores de combates com outros machos. Esses são os preferidos, escolhidos por oito entre dez baratas fêmeas, porque exalam até vinte vezes mais perfume que os dominados, ou seja, os vencidos em combate.
Os odores que as baratas exalam para atrair o sexo oposto são chamados feromônios e são produzidos por muitos outros animais também. Mas cada espécie tem lá sua arte de conquista e a da barata, cá pra nós, é curiosa, não?
(Esta é uma reedição do texto publicado na CHC 195.)