Camundongo careca

Orelhinhas redondas, dentinhos compridos, rabinho fininho e pelo curtinho. Assim são os camundongos. Mas nem todos! A novidade em animal de estimação é o camundongo sem pelos! Chamado de hairless (“pelado”, em inglês), esse bichinho estranho virou a sensação entre os criadores de roedores no Brasil. Acredite se quiser, tem muita gente que o acha lindo!

Filhote do camundongo hairless ainda com pelos (foto: Jane de Luxe).

O hairless é um camundongo mutante. Ele possui um defeito genético que faz com que fique pelado. Sim, ele não nasce careca! “O hairless desenvolve pelagem normal, mas o pelo começa a cair aos 10 dias de idade e não nasce nunca mais”, explica a veterinária Belmira Ferreira dos Santos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Fora a falta de pelos, esse animal curioso é igual a um camundongo normal. “Eles são excelentes animais de estimação, supertranquilos e fáceis de cuidar”, diz o criador Roberto Mendes, que também vende o animal para alimentação de cobras. Mas, por suas unhas crescerem muito, às vezes, esses camundongos podem machucar quem tentar pegá-los. Portanto, ao contrário do que acontece com outros roedores, é preciso ter cuidado especial na hora de lidar com um hairless.

Nos laboratórios…
A mutação desses camundongos não traz nenhum benefício para eles. Já para a ciência… “Eles são utilizados em diversos estudos que investigam, por exemplo, a pele”, conta a bióloga Vanessa Kahan, do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo. A indústria farmacêutica e de cosméticos usa esses roedores para testar se seus produtos são tóxicos, causam alergia ou algum tipo de sensibilidade. No entanto, aqui no Brasil, é muito difícil encontrar esses animais para pesquisa científica.

Achou curioso? Pois saiba que um parente do hairless, o camundongo nude, também é careca e usado em experiências que ajudam a compreender melhor uma série de doenças humanas. Esse outro ratinho possui uma deficiência imunológica. Isso quer dizer que ele não produz anticorpos, proteínas responsáveis pela defesa do organismo. “Por pegar facilmente uma doença, esse camundongo é muito interessante para pesquisas em saúde”, conta Belmira.