Elas são dedicadíssimas: cuidam, protegem, alimentam, ensinam… Estamos falando das mães. Na maioria das espécies, são elas as responsáveis por ajudar o filhote a crescer e se desenvolver. E mãe não se engana: mesmo entre vários filhotes parecidos, encontra logo o seu. Conheça agora as mamães mais carinhosas – e curiosas! – do reino animal.
Na creche das leoas
A mãe leoa é muito cuidadosa com seus filhotes. Só que ela também tem que trabalhar fora, já que, entre os leões, a fêmea é quem caça. Como não dá para correr atrás das presas com os filhotes a tiracolo, as leoas acharam uma solução para esse problema: elas se afastam do resto do grupo e formam um clube de mães. Assim, às vezes, enquanto uma mãe vai caçar, outras cuidam dos filhotes, como se fosse uma creche, numa boa! Elas até sincronizam o parto para que os filhotes nasçam na mesma época e, assim, uma possa amamentar os filhos da outra. Sob os cuidados de várias leoas, não há como o filhote ficar desprotegido enquanto a mãe busca alimento para o grupo.
Bater? Jamais!
A mãe porquinho-da-índia é muito carinhosa com seus filhotes, que andam sempre atrás dela em fila indiana e gostam de subir em cima do seu corpo, brincando a valer. Às vezes, ela protesta quando eles exageram na procura da teta para mamar e dá um basta. Coisa de mãe, não é mesmo? Mas tudo isso sem bater ou morder! A mamãe porquinho-da-índia prefere alimentar os próprios filhotes, mas, como a leoa, deixa que os filhos de outras mães venham tirar uma casquinha do seu leite de vez em quando.
A mãe tarântula e seus 500 filhotes
As aranhas podem parecer bichos assustadores, mas algumas cuidam bem de seus filhotes! A tarântula constrói um saquinho esférico de seda, chamado ooteca, no qual põe os seus muitos ovos. E anda para lá e para cá, com o saquinho de ovos na ponta das fiandeiras – glândulas que ficam em seu abdômen. Se alguém tira a sua ooteca, ela fica aflita e tenta recuperá-la! E mais: mesmo sem tolerar o Sol, busca locais ensolarados para aquecer seus ovos. Ao achar um filete de luz solar, se posiciona de um jeito que os ovos são aquecidos enquanto ela fica na sombra. Os filhotes nascem protegidos dentro da ooteca e, quando chega a hora, saem desse saco e sobem nas costas da mãe, cobrindo-a inteira. Imagine a cena: uma aranha-mãe, coberta por mais de 500 filhotes, passeando na grama. Pois isso acontece mesmo. É verdade que, às vezes, os filhotes saem de cima da mãe, mas logo voltam. Só após algum tempo é que eles ganham independência e, então, vão pelo mundo, cada um por si.
A vida pelos filhotes
A batuíra, uma espécie de pássaro, vira uma fera quando outro animal põe seus filhotes em perigo. Para salvá-los, ela é capaz de colocar a si mesma em risco. Isso porque os predadores que se alimentam dessa espécie gostam muito de comer ovos ou filhotes. Quando algum deles se aproxima, a mãe se afasta do ninho, às vezes piando, para atrair a sua atenção e distraí-lo de sua prole. A batuíra faz até de conta que tem uma asa quebrada! Ela se arrasta como se estivesse machucada e frágil: um prato cheio para o predador. Sua preocupação é dupla: afastá-lo de seus filhotes e escapar dele, já que precisa voltar para o ninho sã e salva para cuidar de sua prole. Mas se não tiver jeito e o bicho não quiser ir embora, ela parte para a briga!
Dedicação exclusiva
A mãe muriqui é tão dedicada ao seu filhote que só cria um por vez. Apenas quando ele já está mais independente – cerca de três anos após o seu nascimento – é que a fêmea dessa espécie de macaco encomenda o seu próximo herdeiro. Antes disso, nada feito! E como é bom ter uma mãe assim… Ela, por exemplo, quase nunca castiga o seu filhote: permite que ele ande e brinque à vontade e só o chama para perto se for preciso. Também é uma equilibrista de primeira. Os muriquis percorrem a Mata Atlântica saltando de árvore em árvore. Agarrado à mãe, com a cauda enrolada na dela, o filhote vai de galho em galho a mais de 20 ou 30 metros do chão. Muitas vezes, a surpresa: a mãe muriqui se faz de ponte para que seu filho passe de uma árvore a outra. Ela segura com as patas traseiras o galho onde está e, com as dianteiras, o galho da outra árvore. O filhote, então, anda por cima da mãe e chega ao seu destino em segurança!
César Ades,
Departamento de Psicologia Experimental, Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo.