Notícias de um mundo distante

No alto, você vê uma imagem de Titã, a maior lua de Saturno, feita pela nave Voyager na década de 1980. Logo abaixo, aparece o planeta dos anéis, fotografado pela Cassini em abril do ano passado(fotos: NASA/JPL/Space Science Institute).

Saturno, todo mundo conhece, é o planeta dos anéis! Mas será que você já ouviu falar de Titã? Esse é o nome da maior das 33 luas que giram em torno do planeta! Em tamanho, ela supera Mercúrio e Plutão e atrai a atenção dos cientistas porque é um dos poucos satélites em nosso sistema solar que possui atmosfera, ou seja, é envolto por uma camada de gases!

No dia 14 de janeiro, Titã recebeu uma visita muito especial. Nessa data, depois de uma viagem de sete anos a bordo da nave espacial Cassini, a sonda espacial européia Huygens atravessou a atmosfera do satélite e aterrizou com sucesso na superfície da maior lua de Saturno. Um motivo e tanto para comemorar: pela primeira vez, um equipamento desse tipo, construído pelo homem, chegava a um lugar tão distante, localizado a um bilhão e meio de quilômetros do Sol!

Lançada da Cassini no dia 24 de dezembro de 2004, a Huygens levou 20 dias para alcançar Titã. A sonda percorreu nada mais, nada menos do que quatro milhões de quilômetros até seu destino e começou sua descida de pára-quedas rumo à superfície do satélite – que durou duas horas e meia! – de uma altitude de 1.270 quilômetros!

Mas por que enviar a sonda para Titã? O estudo dessa lua promete revelar muito sobre a formação dos planetas e talvez sobre os primeiros dias de existência da Terra. A atmosfera de Titã e sua superfície podem ter compostos químicos do tipo que existiram em nosso planeta na época de seu surgimento. Além disso, com a Huygens tocando o solo do satélite, os cientistas poderiam saber, finalmente, o que havia ali, algo que eles não são capazes de observar da Terra, por conta da espessa atmosfera de Titã!

À esquerda, o desenho mostra a Huygens descendo de pára-quedas na superfície de Titã. À direita, está uma das primeiras fotos do solo do satélite enviadas pela sonda espacial à Terra. Ilustração: Craig Attebery, ESA, NASA. Foto: ESA/NASA/Universidade do Arizona.

Durante sua descida, a Huygens começou a transmitir dados para a Cassini e continuou a passá-los por mais de 90 minutos depois do seu pouso. As fotos, os sons e todos os outros registros enviados pela sonda prometem deixar os cientistas ocupados por anos! Uma das imagens mostra, por exemplo, uma paisagem alaranjada: o local de pouso da sonda, repleto de pequenas pedras, arredondadas e lisas como as pedras de rios da Terra. Mas há muitos outros registros da superfície de Titã: a sonda Huygens fez muitas imagens e até registrou que a maior lua de Saturno é… um lugar barulhento!

Pois é. Por conta da espessa atmosfera que o satélite possui, as ondas sonoras, ali, são capazes de se propagar. Assim, microfones a bordo da Huygens gravaram, durante a descida da sonda, o som do vento. Um exemplo do que um viajante que porventura estivesse junto com a Huygens iria ouvir ao chegar à maior lua de Saturno! Clique aqui e escute você também.

A Huygens também enviou à Terra dados sobre a temperatura, a pressão atmosférica e a velocidade dos ventos em Titã. Essas informações foram colhidas de pontos diferentes, que vão do topo da atmosfera da maior lua de Saturno até o seu solo. E por falar nele… Segundo informações passadas por um dos equipamentos da sonda, parece que o solo de Titã tem a consistência de areia molhada ou argila, sendo coberto por uma fina crosta… ou algo semelhante! Os cientistas ainda estão analisando os dados para chegar a uma conclusão. Mas de algo eles já têm certeza: há muito a descobrir sobre a maior lua de Saturno a partir das informações colhidas pela sonda espacial européia. Portanto, fique ligado porque novidades sobre Titã vêm por aí!