Ratos velhos viram morcegos, sapos lançam veneno nos olhos das pessoas, cobras podem comer bois inteiros… Ufa! Quantas lendas existem sobre os animais! Se você parar para pensar, aposto que vai lembrar de mais algumas, envolvendo aranhas, sapos, cobras ou qualquer outro bicho temido. Afinal, eles são presença certa na imaginação popular. Sabia, porém, que poucas dessas histórias são verdadeiras?
Não podia mesmo ser diferente, já que lendas desse tipo são criadas pelas pessoas. Pensando que o desconhecido é o que estimula a invenção de histórias assim, o Zoológico do Rio de Janeiro criou um projeto para tentar esclarecer dúvidas sobre alguns animais e mostrar que muitos não devem ser temidos, porém, respeitados.
Como explica Adarene Motta, bióloga do zoológico e coordenadora do projeto Quem tem medo do lobo mau?, mitos como o do rato velho que vira morcego ou o do sapo que lança veneno são muito antigos e, por mais que às vezes pareçam absurdos, como são muito repetidos, acabam virando verdade para as pessoas. “Desde pequenos, os mais velhos ouvem essas histórias”, diz a bióloga. “Por esse motivo, os adultos tiveram mais medo ao interagir com alguns animais do que as crianças, que ainda estão aprendendo sobre esses bichos.”
Interagir? Pois é, quem visitou o zôo durante esse projeto teve a oportunidade de tocar em cobras e morcegos. Os mais corajosos se adiantavam e tinham que ser contidos pelos biólogos para darem vez aos outros. Já os receosos precisavam de um certo estímulo para mexer com esses animais. Porém, o objetivo principal era tirar dúvidas sobre esses bichos. Então, vamos esclarecer algumas das mais comuns:
Pó de asa de borboleta pode cegar
Ao manusear uma borboleta, fragmentos da asa deste inseto podem ficar presos na sua mão. Se você coçar o olho depois, é possível que ocorra uma reação alérgica e nada mais. “Aconteceria o mesmo se entrasse poeira no olho”, explica Adarene.
Gambá que bebe cachaça
Em alguns lugares do interior, para evitar que o gambá ataque as galinhas, algumas pessoas deixam um copo de cachaça perto do galinheiro. Elas pensam que, assim, o animal vai consumir a bebida, ficar bêbado e não conseguirá correr atrás da criação. Mal sabem elas, no entanto, que o bicho pode esbarrar na bebida, derramá-la e sequer atacar as galinhas. O que ocorre, na verdade, é que o gambá é um animal noturno e fica bastante sonolento ao ser perturbado durante o dia, dando a impressão de que está bêbado. Daí que vem a expressão “bêbado como um gambá”.
Sucuris podem comer um boi
Algumas fotos na internet mostram enormes cobras engolindo bois. Porém, elas não passam de montagens. De acordo com Adarene, as maiores sucuris, que podem medir até doze metros, conseguem apenas comer bezerros ou animais de porte semelhante. “Por mais que elas tentassem, não conseguiriam abrir a boca o suficiente para engolir um boi”, explica a bióloga.
Sapo que lança veneno nos olhos das pessoas
O sapo cururu têm duas glândulas chamadas paratóides que ficam atrás de seus olhos. Nelas, realmente há uma substância venenosa, porém, o bicho não tem capacidade de lançá-la em ninguém. O que pode acontecer é um cachorro desavisado morder o sapo nesse local. Quando acontece isso, a glândula é espremida e o líquido sai.
Aranha que faz teia não é venenosa
Não é bem assim. Segundo a bióloga, apenas as aranhas que fazem teias simétricas, aquelas bonitinhas, com desenho uniforme, não são venenosas. Aranhas que têm veneno também fazem teias, só que as que produzem são meio “bagunçadas”. A viúva-negra, por exemplo, é uma aranha extremamente venenosa e faz teias.
É importante saber também que alguns animais podem ser realmente perigosos. Adarene conta que, no zoológico, as crianças também foram orientadas a não mexer com animais sem saber quais os riscos que eles podem oferecer. Às vezes bichos aparentemente inofensivos, como insetos, podem transmitir graves doenças. Então, nada de aprisionar insetos em vidros para mostrar aos amigos ou levar pequenos bichos para casa sem conhecê-los muito bem. Estamos combinados?