Fique de olho: em breve, o nosso dinheiro vai estar de cara nova!
O Banco Central e a Casa da Moeda vão colocar em circulação novas notas da nossa moeda, o real. Tudo para dificultar a falsificação das cédulas.
Apesar da mudança, continuarão presentes o símbolo da República – aquele rosto que fica na parte da frente das notas – e os animais de cada uma.
Mas… Você se lembra de todos os bichos que aparecem nas cédulas? Conhece bem cada um deles?
Então, que tal saber um pouco mais sobre esses caras que vivem saindo do nosso bolso?
Uma pequena ave com fome de leão
Em 2005, as notas de um real deixaram de ser fabricadas. Mas, até então, nelas aparecia o beija-flor, uma ave miúda que tem fome de leão. Esse bicho precisa estar sempre comendo, já que gasta muita energia com o movimento frenético de suas asas. Nas cidades, é fácil vê-lo visitando garrafinhas com água e açúcar, usadas para alimentá-los. Mas sabia que foi um brasileiro quem criou esse bebedouro? “Augusto Ruschi, pesquisador e defensor dos animais, era um apaixonado por beija-flores”, conta o zoólogo Salvatore Siciliano, da Fundação Oswaldo Cruz. Ruschi descreveu o beija-flor-de-peito-azul (Amazilia lactea), a espécie presente nas notas de um real. Mas, se, nessa cédula, a ave aparece sozinha, no passado a história foi diferente. Na nota de 500 cruzados novos – moeda que circulou no Brasil entre 1989 e 1990 –, o pesquisador está bem ao lado da espécie que apresentou ao mundo.
Habitante dos oceanos
Quem aparece na nota de dois reais é um bicho com história interessante: a tartaruga-de-pente. “Ela vive nos oceanos Atlântico e Pacífico, onde habita as áreas de águas rasas e os arrecifes de coral. Essa espécie se alimenta de medusas, camarões, esponjas e lulas“, conta o biólogo Carlos Frederico Duarte da Rocha, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Por séculos, o casco dessa espécie serviu para produzir vários objetos. No Brasil, era usado na confecção de pentes, um costume que deu origem ao nome popular da espécie. “Já seu nome científico – Eretmochelys imbricata – foi dado porque as escamas do seu casco são dispostas de forma imbricada: isto é, estão sobrepostas, colocadas umas sobre as outras”, explica o biólogo. Mas você sabia que não é apenas no nosso dinheirinho que esse réptil – que está ameaçado de extinção – aparece? A tartaruga-de-pente está presente na cédula de 20 bolívares venezuelanos. Já o cientista que a descreveu pela primeira vez – Carl Linné – está na cédula de cem coroas, moeda de seu país natal, a Suécia.
Sobreviventes do Tietê
A garça-branca-grande (Ardea alba), bicho da nota de cinco reais, se adapta muito bem a diversos ambientes. Mesmo em locais muito poluídos e degradados – como o rio Tietê, em São Paulo –, a ave é encontrada. No período reprodutivo, aparecem, no dorso (costas) de machos e fêmeas, longas e delicadas penas chamadas egretas, que indicam que as aves estão aptas a se reproduzir. “As egretas por muito tempo foram utilizadas como adorno nos chapéus e, no século 19, eram penas extremamente apreciadas. Essa garça, que é tão comum hoje, já foi muito caçada no passado”, conta Salvatore Siciliano. Atualmente, com o costume de usar essas penas fora de moda, a Ardea alba pode viver um pouco mais tranquila, mesmo em meio a tanta poluição.
Uma arara nota dez
Quer ver uma arara-vermelha em um lugar que não seja a nota de dez reais? Então, saiba que, no Brasil, essa espécie é encontrada na Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal e partes que restaram da Mata Atlântica. “Como essa espécie tem origem na América do Sul, está presente também em vários países da região”, contam Karina Molina e Danianderson Carvalho, dupla de biólogos do Zoológico de São Paulo. A arara-vermelha se alimenta de frutas e sementes diversas, mas o curioso é que come também o barro dos barrancos. Tudo porque ele é rico em sódio e potássio, minerais que ajudam na sua digestão. Achou diferente? Tem mais! O macho dessa espécie costuma escolher uma fêmea para viver ao seu lado a vida inteira e somente em certas situações esse laço pode se desfazer. Por exemplo, se um deles morrer. Bacana, não é?
Macaquinho de ouro
Quem aí nunca ouviu falar do mico-leão-dourado? Esse é o animal que enfeita a nota de 20 reais. “Essa espécie é nativa da Mata Atlântica e só existe no Brasil”, informa o tecnólogo em gestão ambiental Juliano Ventorim, da Associação Mico-leão-dourado. Com a destruição dessa parte da mata, o bicho esteve perto de desaparecer. Mas, hoje, já pode ser visto em algumas áreas que desenvolvem projetos de preservação. “Os micos-leões-dourados geralmente nascem em pares de gêmeos e são muito apegados à mãe quando pequenos”, conta Juliano. “As famílias da espécie costumam reunir de seis a sete integrantes e sempre têm um chefe. Ele comanda e conversa com os outros por meio de assobios, como é típico dos primatas.”
A pinta da onça
O bicho que ilustra a nota de 50 reais é a onça-pintada. “Esse felino habita áreas de floresta caracterizadas pela forte presença de água, como a Mata Atlântica, a Amazônia e até mesmo o Pantanal. Ainda assim, temos registro da ocorrência de onças-pintadas na Caatinga”, conta Ricardo Boulhosa, coordenador-executivo do Instituto Pró-carnívoros. Assim como leões e tigres, a onça-pintada faz um barulho diferente do miado característico dos felinos: é o esturro, um som grave e forte. Mas, apesar de todo esse vozeirão, esse animal é discreto na caça e dificilmente é visto. “No seu habitat natural, as pintas da onça-pintada servem como camuflagem em meio à mata mal iluminada pelos raios de sol e facilitam a sua sobrevivência”, explica Ricardo. Mesmo assim, com a destruição cada vez maior das florestas onde a onça-pintada costuma ser encontrada, essa espécie passou a correr risco de extinção.
Peixe grande
Muito comum no sudeste do Brasil, a garoupa está presente também em várias partes do mundo e… Na nota de cem reais! “Essa espécie se alimenta basicamente de peixes menores e crustáceos”, conta a bióloga Renata Guimarães Moreira, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. Uma característica curiosa dessa espécie é que as garoupas nascem como fêmeas e se tornam machos por volta dos nove ou dez anos de idade. O tamanho que atingem e a vida longa que podem ter também chamam a atenção. “As garoupas podem medir até 120 centímetros de comprimento e há registros de animais com 50 anos de idade”, explica Renata. Infelizmente, muitas não chegam tão longe devido à pesca indiscriminada. Aliás, por demorar até poder se reproduzir e ser muito apreciada na culinária mundial, a garoupa está ameaçada de extinção. Portanto, pescá-la pode se tornar cada vez mais difícil. Tão difícil quanto encontrar uma nota de cem reais por aí. Quem já viu uma?