Com um título assim, muita gente vai ficar com medo antes mesmo de ler a notícia. Mas garanto: as chamadas ‘aves do terror’ não são mais assustadoras que outros animais atuais e extintos. Afinal, como todos, elas lutavam pela sua sobrevivência! Essa luta, no caso, significava comer outros bichos. Nada mais natural…
‘Aves do terror’ é a expressão pela qual são conhecidas as espécies da família Phorusrhacidae, um grupo já extinto de aves carnívoras e terrestres. Elas ocupavam o topo do topo da cadeia alimentar e devem ter sido os principais predadores no tempo em que viveram – entre 60 milhões e 2,5 milhões de anos atrás, já depois da extinção dos dinossauros.
Variando de um a três metros de comprimento e podendo chegar a pesar em torno de 350 quilos, os Phorusrhacidae foram um dos grupos mais fascinantes de aves que já existiram. Entre suas características destacam-se a grande cabeça e o bico maciço em forma de gancho – ferramentas ideais para destroçar suas presas. Embora não pudessem voar, as ‘aves do terror’ eram boas corredoras.
A descoberta mais recente de uma ‘ave do terror’ foi feita por cientistas da Universidade Nacional de Córdoba, na Argentina. Eles descreveram o mais completo esqueleto de um animal desse grupo – um fóssil de 3,3 milhões de anos encontrado na praia de La Estafeta.
A espécie, chamada de Llallawavis scagliai, media aproximadamente 1,2 metro de altura e pesava menos de 20 quilos. O exemplar estava muito bem conservado, o que permitiu aos cientistas fazer descobertas inéditas. Eles concluíram, por exemplo, que L. scagliai tinha uma audição apurada, que poderia ser utilizada na comunicação com outros membros da mesma espécie ou na identificação de presas. A partir da análise das órbitas dos olhos da ave, os estudiosos também apontaram que ela tinha hábitos diurnos.
Ainda são necessários mais estudos para confirmar essas informações, mas, de qualquer forma, é muito interessante descobrir um pouco mais sobre este grupo, um velho conhecido dos paleontólogos – a primeira ‘ave do terror’ foi descrita em 1887, também por um cientista argentino. Quem sabe, com novos dados, não poderemos pensar em um apelido um pouco menos assustador para esses animais encantadores?