No final da primeira quinzena de agosto, tivemos o período de maior atividade da chuva de meteoros chamada Perseidas. Ela é chamada assim porque, ao observarmos o fenômeno, as estrelas cadentes, que não são estrelas de verdade, parecem vir da região do céu onde fica a constelação de Perseu, grupo de estrelas que homenageia o famoso herói da mitologia grega e é mais facilmente visível do hemisfério Norte.
Mas não se deixe enganar pelo nome chuva de meteoros. Não é como se estivessem chovendo milhares de estrelas cadentes sem parar. No período mais ativo de uma boa chuva de meteoros, a gente consegue ver uma ou duas estrelas cadentes riscando o céu a cada minuto. O que é bastante, mas não é como as gotas de chuva caindo numa tempestade, é claro.
É uma pena que este ano o pico de atividade das Perseidas tenha coincidido com uma Lua cheia, o que diminuiu a visibilidade das estrelas cadentes! Mas tudo bem, ano que vem tem mais.
O fenômeno acontece todos os anos, sempre nas mesmas datas, e é assim porque é nesta época do ano que a Terra, em seu movimento em torno do Sol, cruza a órbita do cometa Swift-Tuttle, um belo e grande cometa que dá uma volta ao redor do Sol a cada 130 anos. Ele só retornará para as vizinhanças do Sol, tornando-se visível para nós na Terra, no ano 2126, daqui a mais de um século. A boa notícia é que seus bisnetos poderão apreciar um belo show, já que os astrônomos acreditam que, em sua próxima aparição, ele se tornará visível a olho nu.
Ao percorrer sua órbita no espaço, todo cometa vai largando pelo caminho gás e pequenos grãos de poeira que vão se soltando dele. Esses fragmentos continuam espalhados ao longo da trajetória percorrida pelo cometa e, assim, quando a Terra cruza esse caminho, alguns desses pedacinhos caem em direção à sua superfície. Ao atravessar a atmosfera em grande velocidade, essas pedrinhas minúsculas são aquecidas pelo atrito com o ar e queimam rapidamente, brilhando contra o céu escuro. É isso que chamamos de estrelas cadentes ou meteoros.
Às vezes nos deparamos com alguns pedaços maiores que não são completamente queimados pela atmosfera e acabam atingindo o chão. O que sobra é um pedaço de rocha que não mudou desde o início da formação do Sistema Solar e que ganha o nome de meteorito. São objetos relativamente raros, portanto, e difíceis de encontrar, por isso alguns museus, como o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, guardam orgulhosamente alguns meteoritos, especialmente se forem grandes.
Mas meteoritos muito grandes podem ser bem perigosos. Em 1908, numa região praticamente deserta da Sibéria, no norte gelado da Rússia, parece ter caído um meteorito grande o suficiente para fazer uma enorme cratera e derrubar as árvores da floresta de pinheiros em toda a sua volta.
No Brasil, algo semelhante parece ter acontecido no rio Curuçá, no Amazonas, próximo à fronteira com o Peru, em 13 de agosto de 1930, quando indígenas que moravam não muito longe disseram ter visto bolas de fogo caindo do céu, onde depois foi encontrada uma enorme cratera. A época do ano permite imaginar que o meteorito de Curuçá tenha sido um grande pedaço desgarrado do cometa Swift-Tuttle, que caiu durante as Perseidas daquele ano.