Esqueça a Cinderela, a Branca de Neve e a Bela Adormecida. Vamos deixar um pouco de lado a imagem das princesas da ficção e conhecer a história de uma real e nada comum: Carlota Joaquina Teresa Caetana de Bourbon e Bourbon – ufa, que nome comprido! Ela foi princesa da Espanha, de Portugal e, mais tarde, rainha do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Ao contrário das princesas dos desenhos animados, Carlota Joaquina era descrita como uma mulher não muito bonita. Seu casamento não foi nenhum conto de fadas. E seu comportamento, em alguns momentos, era para lá de esquisito.
“Carlota Joaquina nasceu na Espanha em 25 de abril de 1775”, conta a historiadora Valdirene Ambiel, do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. “Ela tinha uma personalidade difícil e sua vida foi cercada de intrigas.”
Filha de um rei e de uma rainha, ela recebeu desde nova uma educação bem rigorosa. Mas, quando tinha apenas 10 anos – graças a um acordo político entre Portugal e Espanha –, teve seu casamento arranjado com João, então com 18 anos e um dos herdeiros do trono de Portugal.
A união não foi nada harmoniosa e romântica como nos contos de fadas: Carlota nunca demonstrou satisfação com o casamento arranjado. Depois de muitas brigas, agressões físicas e traições, o casal acabou indo morar em casas separadas, aparecendo juntos apenas em eventos públicos.
Conta-se que Carlota Joaquina era uma mulher extremamente ambiciosa. Sempre que possível, tentava se intrometer nos assuntos reais, procurando influenciar as decisões de seu marido. Mas ele não dava muita bola para os palpites dela, e isso causava muita confusão entre os dois.
Insatisfeita com o pouco poder de decisão que tinha, a princesa tentou organizar secretamente uma conspiração – ela queria dar um golpe em seu marido, para tirá-lo do poder e tornar-se de vez a soberana de Portugal. Para azar de Carlota, o plano foi descoberto, e ela só não acabou presa porque João queria evitar um escândalo na corte.
Quando, em 1808, a família real portuguesa veio para o Brasil, Carlota viajou a contragosto. Uma vez aqui, se meteu em confusões e dizem até que esteve envolvida em um caso de assassinato. Na hora de retornar à Europa, também arrumou confusão: enquanto o povo pedia a João que assinasse uma nova constituição, a rainha se recusou.
E não parou de aprontar… Tornou a conspirar contra seu marido, desta vez para colocar seu filho preferido, Miguel, como representante máximo da Coroa – cargo que ele acabou mesmo assumindo após a morte do pai, embora o trono devesse ser, na verdade, de seu irmão Pedro, que na época já era imperador do Brasil.
Por essas e outras, Carlota foi deportada para o Palácio de Queluz – pertinho de Lisboa, em Portugal –, onde viveu até sua morte, em 1830, aos 54 anos. “Em Portugal, até hoje ela é conhecida como ‘a megera de Queluz’”, conta Valdirene. Bem diferente das princesas das histórias de fantasia, não achou?