– Mamãe, se a vovó e o vovô são de meia-idade, quando é que eles vão ter uma idade inteira?
Dei risada. Minha filha queria saber quando seus avós iam ficar velhos. Afinal de contas, sua avó ainda tem pai. E quem tem pai não pode ser avó.
Minha filha não sabia, mas sua pergunta tem a ver com um fenômeno histórico relativamente recente. Você já reparou quantas pessoas, hoje em dia, têm bisavós e bisavôs? Muitas! Mas pergunte para seus avós se eles conheceram seus próprios bisavós. Provavelmente não.
Nós temos mais chances de conhecer nossos bisavós por duas razões: nos últimos 200 anos, mais pessoas chegaram à velhice, e mais crianças nasceram e cresceram sem problemas de saúde. Em outras palavras, a expectativa de vida – o tempo que se espera que uma pessoa viva – vem aumentando, enquanto a taxa de mortalidade infantil – proporção de crianças que morrem antes de completar cinco anos – diminui.
Em 1810, por exemplo, alguém com 50 anos de idade era bem velho. Mas, no ano 2000, chegar aos 75 anos não era mais novidade. E vocês, que hoje são crianças, provavelmente viverão, com saúde, por mais de cem anos!
Isso só é possível porque, do início do século 19 para cá, as condições de vida das populações do planeta mudaram muito e para melhor, mesmo nos países mais pobres. Várias doenças, antes incuráveis, hoje têm remédio. Há mais alimentos no mundo, e há menos gente passando fome.
Mas é claro que nem tudo são flores: as desigualdades entre os países ainda são muito grandes, e, no que diz respeito à saúde e à expectativa de vida, viver em um país rico como a Suécia ou pobre como o Paquistão faz toda a diferença. Também faz muita diferença, claro, viver em regiões onde há guerras.
No Brasil, vivemos em paz, mas, embora a população esteja vivendo mais (um homem brasileiro vive, em média, 69 anos; uma mulher, 77), ainda se vive menos do que nos Estados Unidos e na maioria dos países da América Latina e do Caribe. Isso acontece porque o Brasil é um país muito desigual – desigual na distribuição de riqueza, desigual na saúde: quem vive nas grandes cidades tem expectativa de vida igual à dos mais ricos países europeus, mas quem mora nas regiões mais pobres, em geral, vive menos.
Mesmo assim, as diferenças existentes hoje são infinitamente menores do que aquelas que existiam antes. Bom sinal, pois mostra que é possível melhorar as condições de vida de toda a humanidade. Isto é, se tomarmos os devidos cuidados com o planeta, cujos recursos naturais estão cada vez mais escassos.
E também se nos cuidarmos bem, porque, para ter uma boa vida inteira, é preciso cuidar da saúde, fazer exercícios e ter uma boa alimentação! Afinal, quem não quer conhecer seus próprios bisnetos?
Se você gostou do assunto, embarque na máquina do tempo e assista ao vídeo “200 países, 200 anos, 4 minutos”, sobre a expectativa de vida dos seres humanos nos diferentes países do mundo nos últimos 200 anos.