Uma missão para o Brasil

Se você curte astronomia, vai adorar saber que um grupo de cientistas brasileiros será responsável por uma missão muito especial: lançar a primeira sonda que pousará em um asteroide triplo. O envio da sonda foi batizado de missão Áster e será a estreia do Brasil na exploração espacial.

A sonda será enviada em 2017 e, dois anos depois, em 2019, pousará no 2001-SN263, um asteroide que é considerado triplo por ter dois satélites. De lá, a sonda vai enviar para a Terra informações sobre composição, estrutura e forma do asteroide. “Isso nos permitirá conhecer a formação e a evolução do sistema solar, e estudar a possibilidade de a vida na Terra ter tido origem com uma contribuição vinda de asteroides”, conta o físico Othon Winter, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, um dos responsáveis pelo projeto.

Esta deve ser a aparência da sonda que realizará a Missão Áster (Ilustração: Instituto de Pesquisas Espaciais da Rússia / IKI)

Outra parte importante da missão é a busca por matéria orgânica – ou seja, por moléculas que participam da composição dos seres vivos. “Por telescópios, observamos que o 2001-SN263 contém silicatos hidratados (como se fossem ‘grãos de areia umedecidos’) e, possivelmente, materiais orgânicos”, explica Othon.

Para chegar ao espaço, a sonda pegará carona com um foguete e entrará na órbita da Terra. Mas o passo seguinte é complicado: para ir da órbita terrestre até o asteroide, a sonda precisa de uma quantidade enorme de combustível, o que tornaria a missão muito cara. Como alternativa, a equipe decidiu mover a sonda com um sistema a gás que reduz em 10 vezes a necessidade de combustível. “O gás usado se chama xenônio e a tecnologia está sendo desenvolvida aqui mesmo no Brasil”, diz Othon.

A sonda ainda não começou a ser construída, mas os cientistas estão trabalhando a todo vapor. “Já estão sendo feitos os projetos dos equipamentos científicos que irão a bordo dela”, conta Othon. Estamos ansiosos!

Um é bom, três é novidade

Asteroide Ida com seu satélite à direita (Foto: Wikimedia Commons)

Até quase 20 anos atrás, os cientistas acreditavam que todo asteroide era um corpo solitário no espaço. Em 1994, descobriu-se que um asteroide chamado Ida tinha um satélite, formando um sistema binário. A partir daí, vários sistemas binários foram encontrados, mas só em 2005 veio a grande surpresa: alguns asteroides eram orbitados por dois satélites e formavam sistemas triplos! Até hoje, apenas asteroides solitários foram visitados por sondas e nenhum deles era do tipo que contém matéria orgânica.