Um relógio diferente

Já é hora de ir pro colégio? Que dia você vai visitar seus avós? Que dia é o carnaval? Em que ano você nasceu? Quantos anos você tem? Só com essas perguntas, você já percebeu como medir o tempo é importante para o homem. Temos hora para tudo: trabalhar, estudar, comer, ir ao médico e até para as diversões. Mas será que só o homem é capaz de medir o tempo? Se você respondeu não, acertou.

Praticamente todos os seres vivos são capazes de medir o tempo. Cada um à sua maneira, é claro. Veja alguns exemplos e pense nisso. Por que as borboletas voam de dia e as mariposas voam de noite? Como elas sabem que é hora de voar? Por que ocorrem as passaradas sempre pela manhã e pela tarde? Existe uma planta chamada onze-horas, porque mais ou menos a essa hora ela abre suas flores. Como ela sabe que é hora de abrir as flores? A resposta para essas perguntas é que os seres vivos têm um relógio dentro deles.

Esse relógio interno é chamado relógio biológico. Ele é diferente do relógio mecânico, do relógio digital, do relógio de Sol, do relógio de areia. Também é diferente de um ser vivo para o outro. Sua função é medir o tempo.

O primeiro cientista a propor a existência de um relógio biológico foi o astrônomo francês Jean-Jacques de Mairan, que viveu entre 1678 e 1771. Ele notou que uma planta que ficava na janela do observatório onde trabalhava fechava as folhas todas as noites, como se fosse dormir, e, pela manhã, abria novamente. Então, levou a planta para um porão onde não chegava a luz do Sol e observou que ela mantinha o mesmo movimento de abrir e fechar as folhas. Isso mostrava que o processo era controlado pela própria planta e não era determinado pelo Sol, embora sofresse influências dele. Daí, sugeriu que a planta tinha um marcador de tempo interno — o relógio biológico. Até hoje, os cientistas não sabem exatamente como funciona o relógio biológico das plantas.

Existem várias vantagens de se ter um relógio interno. Vamos tomar como exemplo o urso. Esse animal dorme durante todo o inverno, que chega a durar vários meses. Nesse período, ele não acorda nem para comer. Por isso, seu corpo tem que ter uma reserva de gordura, que vai sendo usada pouco a pouco pelo animal para o funcionamento de seu organismo.

Se o urso só começar a acumular a gordura quando o inverno chegar, não vai dar tempo de guardar uma quantidade suficiente e provavelmente o animal morrerá. Para evitar isso, seu relógio biológico faz com que ele tenha mais fome desde o início do outono, muito antes de qualquer sinal de frio. Assim, o urso come mais, vai engordando (armazenando gordura) e, quando o inverno chega, já está pronto para dormir. Isso é chamado capacidade de previsão , muito importante para os seres vivos.

Outra vantagem do relógio biológico é a sincronização . Há uma época do ano em que algumas espécies de peixes sobem o rio para se reproduzir, fenômeno chamado piracema. Quando chegam perto da nascente, as fêmeas liberam os óvulos e os machos, os espermatozóides. Estes fecundam os óvulos e daí surgirão os filhotes. Se cada peixe subisse o rio em uma época diferente, estaria sozinho ao chegar ao local da desova e não ocorreria a fecundação, ou seja, não nasceriam filhotes e sua espécie desapareceria.

Matéria publicada em 09.11.1996

COMENTÁRIOS

  • Anna Elise

    Nos cachorros também há isso?

    Publicado em 21 de outubro de 2018 Responder

  • Elisa Borges Rodrigues

    como é isso nos pinguim ? o que eles tem que marca o horário. e foi muito interessante.

    Publicado em 2 de setembro de 2020 Responder

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