Pode acreditar: apesar de parecer uma fantasiosa árvore de bolinhas de gude, esse belo conjunto é uma planta de verdade, chamada Pollia condensata. Seus frutos – as fosforescentes bolinhas de cor metálica – são recordistas da natureza: possuem a mais forte e intensa coloração encontrada dentre todos os seres vivos do mundo!
Até recentemente, a planta era um mistério que intrigava os pesquisadores. Além de não saber explicar sua cor exótica, eles também não entendiam como os frutos da P. condensata eram capazes de manter a coloração vibrante por anos, ou até décadas, depois de colhidos. Realmente misterioso, não acha?
Os resultados recentes mostraram que a coloração arroxeada não se deve a nenhum pigmento natural parecido com esses usados para pintar nossas roupas. Na verdade, a cor vem de camadas muito fininhas (ou nanocamadas) de celulose – uma das principais substâncias que formam a estrutura das plantas – arrumadas umas sobre as outras de forma a refletir a luz. O mecanismo é bem incomum em plantas, mas é parecido com o que é observado nas cascas de certos besouros e nas asas de algumas borboletas.
Isso também explica o mistério de as frutinhas não perderem a cor. Como ela não vem de nenhum corante natural, mas da própria estrutura da casca da fruta, a coloração não desbota com o passar do tempo, como acontece com as nossas roupas mais velhinhas, por exemplo.
Além do belo espetáculo, a coloração vibrante também é uma estratégia de sobrevivência para a P. condensata. Em vez de a planta gastar muita energia produzindo frutas com polpa fresca (como a manga), ela atrai pássaros e outros bichos pela cor dos frutos, que parecem muito suculentos e nutritivos, mas, na verdade, são secos por dentro. Iludidos pela promessa de um banquete, os animais se alimentam das frutinhas coloridas e ajudam a espalhar suas sementes. Isso é que é propaganda enganosa!