Quem vê o mero (Epinephelus itajara) pela primeira vez pode se assustar: ele é grande – em geral, mede cerca de 1,3 metro e pesa de 80 a 100 quilos, mas pode chegar a dois metros e 400 quilos – e tem até uma certa cara de mau. Porém, não se deixe levar pelas aparências do “senhor das pedras”, como é conhecido popularmente: trata-se de um peixe muito dócil, que até se deixa tocar pelos mergulhadores. Essa característica o torna também um alvo fácil para pescadores e coloca a espécie na lista dos animais ameaçados de extinção.
Até poucas décadas atrás, era comum encontrar meros nas costas do Brasil e da África, no Caribe e no golfo do México, mas, com a pesca sem controle, ele foi ficando mais e mais raro. Embora seja proibido pescar meros em nosso país desde 2002, a situação ainda é preocupante. “Apesar da proibição, a espécie não mostra sinais de recuperação populacional, pois demora a se reproduzir e continua sendo pescada ilegalmente”, explica oceanógrafa Maíra Borgonha, coordenadora técnica do projeto Meros do Brasil.
Várias toneladas de meros foram apreendidas nos últimos dez anos em ações de fiscalização, e a quantidade de meros capturados pode ser bem maior, porque é difícil vigiar toda a atividade pesqueira do país. Muitos pescadores, para escapar das multas, disfarçam o mero na hora de vendê-lo: cortam a cabeça e a cauda, tiram sua pele e vendem-no dizendo que são garoupas ou badejos, peixes que podem ser pescados legalmente.
Por lei, a pesca de meros vai continuar proibida pelo menos até 2015, para ver se a população de peixes consegue se recuperar. No entanto, por conta da dificuldade na fiscalização, toda ajuda é bem-vinda na preservação desta espécie e, claro, de muitas outras. “Diante de um crime ambiental, como a captura de uma espécie protegida, todo cidadão pode denunciar uma ação suspeita”, alerta Maíra. A denúncia pode ser feita ao Ibama, à Polícia Ambiental ou à Polícia Federal.