Olha a anta!

Você sabe qual é o maior mamífero nativo da América do Sul? Se você pensou em bois e cavalos, pode esquecer: estes animais foram trazidos para cá de outras regiões. O maior mamífero original do nosso continente é a anta – e uma nova espécie acaba de ser anunciada, a Tapirus kabomani. Vamos conhecer sua história?

A anta (i)Tapirus kabomani(/i) vive no meio da floresta amazônica. (foto: Samuel Nienow)

A anta (i)Tapirus kabomani(/i) vive no meio da floresta amazônica. (foto: Samuel Nienow)

Tudo começou há dez anos, quando pesquisadores observaram que uma ossada de anta encontrada em Rondônia era muito diferente em relação às ossadas das espécies já conhecidas do animal. Depois de muito estudar as populações do mamífero, inclusive com testes de DNA, eles finalmente anunciaram a Tapirus kabomani como uma nova espécie.

O bicho vive no oeste da Amazônia, mesma área habitada por outra anta, a Tapirus terrestris – também encontrada em outras regiões do Brasil. Mas as duas espécies são bem diferentes. “A T. kabomani é menor, tem as patas mais curtas, a testa mais larga e uma crina mais baixa, começando mais atrás da cabeça, além de uma cor mais escura”, descreve o biólogo Mario Cozzuol, da Universidade Federal de Minas Gerais.

A nova espécie é menor, tem patas mais curtas e cor mais escura que as outras antas já conhecidas. (ilustração: Gracielle Braga)

A nova espécie é menor, tem patas mais curtas e cor mais escura que as outras antas já conhecidas. (ilustração: Gracielle Braga)

Esse animal pode ser novo para a ciência, mas não para os moradores locais, que já diferenciavam os dois tipos de antas há muito tempo. “É uma lição importante. Devemos prestar mais atenção ao saber popular, pois ele pode conter muita informação sobre a natureza local”, acredita Mario.

Com a descrição da espécie, já é preciso pensar em medidas para preservá-la, pois a anta sofre com a caça e a destruição de seu habitat natural. A descoberta também nos faz imaginar que outras novas espécies animais ainda estariam escondidas na floresta.

“Pensávamos que todas as espécies de antas amazônicas já estavam identificadas. Quem sabe não existem outras surpresas em algum lugar?”, imagina Mario. Ainda falta muito para conhecermos toda a biodiversidade da Amazônia…