Novo endereço espacial

Quando você diz seu endereço para um amigo, vai logo falando: rua tal, número tal, perto dessa loja ou daquela farmácia. Mas se quiser convidar um alienígena, que mora a muitos milhões de anos-luz daqui, para ir à sua casa, certamente precisará dar mais orientações: planeta Terra, Sistema Solar, Via Láctea, Laniakea… Laniakea?! Mas o que é isso? Calma, a gente explica: é uma descoberta recente que define nosso lugar no universo de forma mais precisa do que nunca!

O pontinho vermelho marca a posição da Via Láctea (e, claro, do Sistema Solar) nessa enorme estrutura cósmica: o superaglomerado de galáxias batizado de Laniakea, nosso novo endereço espacial! (foto: Nature / Divulgação)

O pontinho vermelho marca a posição da Via Láctea (e, claro, do Sistema Solar) nessa enorme estrutura cósmica: o superaglomerado de galáxias batizado de Laniakea, nosso novo endereço espacial! (foto: Nature / Divulgação)

O que acontece é que os cientistas desenvolveram um novo mapa 3D muito detalhado da região do espaço em que vivemos, revelando essa enorme estrutura batizada Laniakea. O mapa foi construído levando em consideração as posições e velocidades de cada galáxia, a atração gravitacional entre elas e o movimento de expansão acelerada do universo.

Para entender melhor, pense que estrelas como o nosso Sol costumam se agrupar em galáxias, como a Via Láctea. Muitas acabam se juntando para formar aglomerados, atraídas entre si pela força da gravidade, o que pode resultar em superaglomerados com milhares de galáxias – exatamente como a Laniakea.

“Temos descoberto muito sobre a estrutura do cosmos pela observação das galáxias em todas as frequências eletromagnéticas, da luz visível ao inflavermelho e ao ultravioleta”, conta o astrônomo Renato Dupke, do Observatório Nacional. “Por exemplo, sabemos da existência de outros superaglomerados e acreditávamos que a Via Láctea fazia parte de uma dessas estruturas, de Virgo, que é bem menor e está contida na Laniakea.”

Céu imensurável

O novo superaglomerado é tão grande que fica até difícil de imaginar: os astrônomos acreditam que ele agrupa cerca de 100 mil galáxias e mede mais de 500 milhões de anos-luz. Ou seja, se um raio de luz fosse emitido em uma de suas extremidades, levaria mais de 500 milhões de anos para chegar até a outra – e olha que a luz viaja muito mais rápido do que qualquer artefato já produzido pelo homem, a cerca de 300 mil quilômetros por segundo! A Laniakea foi descrita por astrônomos da Universidade do Havaí, nos Estados Unidos e seu nome significa céu imensurável no idioma havaiano.

A Laniakea (envolvida em laranja) e suas vizinhas cósmicas, os superaglomerados de galáxias Peixes-Perseu (à direita), Coma (acima) e Shapley (no alto à esquerda). (foto: Nature / Divulgação)

A Laniakea (envolvida em laranja) e suas vizinhas cósmicas, os superaglomerados de galáxias Peixes-Perseu (à direita), Coma (acima) e Shapley (no alto à esquerda). (foto: Nature / Divulgação)

Além de ser importante para entender melhor a história evolutiva das galáxias, Renato destaca que a descoberta é ainda mais significativa. “Novidades como essa ajudam a ampliar nossos horizontes”, acredita. “Por exemplo, quando comprovamos que a Terra não era o centro do universo e nem mesmo do nosso Sistema Solar, como alguns defendiam, mudamos para sempre a forma como enxergávamos a própria humanidade, que não era mais especial, mas parte de um universo muito grande.”

De fato, a descoberta dá o que pensar sobre o papel da humanidade na imensidão das estrelas, não é? Afinal, se vivemos num pequeno planeta, num sistema localizado num dos braços da Via Láctea, dentro de uma enorme estrutura como a Laniakea, será mesmo que não podem existir outros seres inteligentes como nós perdidos por aí? Talvez eles estejam se fazendo a mesma pergunta!

Matéria publicada em 23.09.2014

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Marcelo-Garcia

Sou um curioso apaixonado por ciência e adoro quadrinhos e ficção científica. Quase virei cientista, mas preferi me dedicar a mostrar pra todo mundo que a ciência está em tudo ao nosso redor!

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