Nadando na areia

Imagine um lugar cheio de golfinhos, focas e muitas baleias. Se você pensou em um oceano bem azul, está enganado! Durante a construção de uma estrada, pesquisadores do Museu Paleontológico de Caldera (Chile) encontraram fósseis desses animais em um lugar sem nenhuma gota de água: o deserto do Atacama, no norte Chile.

Mas como será que esses bichos foram parar lá? “Há sete milhões de anos, existia um mar no lugar desse deserto. Só que muitos terremotos aconteceram ao longo do tempo e as rochas do fundo do mar subiram à superfície, originando o ambiente seco que vemos hoje”, conta Carolina Gutstein, pesquisadora brasileira que faz parte do projeto.

Fóssil de baleia encontrado no deserto de Atacama, no Chile

Entre os fósseis, foi encontrado um esqueleto completo de uma baleia jovem, provavelmente um recém-nascido (Foto: Rodrigo Terreros e Jorge Arévalo)

Diferente do que muita gente pensa, o deserto é um ótimo local para pesquisa de fósseis. Lá, a busca fica mais fácil porque as rochas que guardam esses tesouros não estão cobertas por vegetação. No deserto do Atacama, foram encontradas 70 baleias, muitas com o esqueleto completo. Além disso, os pesquisadores acharam fósseis de parentes da toninha e do boto, mamíferos aquáticos atuais.

Apesar de ser um ambiente rico em fósseis, o deserto não é um laboratório tão fácil de fazer pesquisa. Segundo Carolina, durante as escavações, às vezes o vento forte levantava tanta areia que não era possível trabalhar. A solução foi trabalhar com os fósseis durante a madrugada, quando o vento diminuía. Quanto aos achados, não é preciso se preocupar: eles estão protegidos dessa ventania no Museu Paleontológico de Caldera, município onde foram encontrados.