Dez anos em Marte

Representação artística do satélite (i)Mars Express(/i) sobre uma cratera cheia de gelo em Marte (Imagem: ESA/DLR/FU-Berlin-G.Neukum)

Representação artística do satélite (i)Mars Express(/i) sobre uma cratera cheia de gelo em Marte (Imagem: ESA/DLR/FU-Berlin-G.Neukum)

Se montar um mapa do Brasil já é um projeto ambicioso, imagine elaborar mapas para mostrar informações sobre o solo e a história de um planeta distante. Pois esse era um dos objetivos do projeto Mars Express (Expresso Marte, traduzindo para o português), da Agência Espacial Europeia. A missão completa 10 anos em 2013 e já tem muitos resultados, mas ainda está longe de acabar.

Os cientistas conseguiram elaborar três mapas que ajudam a desvendar a história do planeta vermelho. No primeiro deles, registraram a presença de dois elementos no solo marciano, piroxênio e olivina. Eles são comuns em regiões próximas a vulcões aqui na Terra e indicam que Marte também possuía intensa atividade vulcânica há 3,7 bilhões de anos. Além disso, os elementos indicam que o interior de Marte pode ter muito em comum com o nosso planeta.

As áreas coloridas do mapa mostram a distribuição de piroxênio em Marte. O elemento é comum em solos próximos a vulcões (Imagem: ESA/CNES/CNRS/IAS/Université Paris-Sud, Orsay)

As áreas coloridas do mapa mostram a distribuição de piroxênio em Marte. O elemento é comum em solos próximos a vulcões (Imagem: ESA/CNES/CNRS/IAS/Université Paris-Sud, Orsay)

No segundo mapa criado pela equipe do Mars Express, são apontadas regiões em Marte que possuem rochas especiais, contendo em sua composição elementos químicos que só poderiam ser formados em contato com a água. “Essas rochas nos dão pistas de que havia água na superfície do planeta há quatro bilhões de anos”, conta o astrônomo Olivier Witasse, que participa do projeto. “Isso nos traz perguntas sobre a possibilidade de ter havido vida em Marte há tempos atrás”.

Os pontos verdes no mapa mostram locais onde há rochas contendo elementos que só se formam na presença de água. A evidência reacende a dúvida sobre a possibilidade de ter existido vida no planeta (Imagem: ESA/CNES/CNRS/IAS/Université Paris-Sud, Orsay; NASA/JPL/JHUAPL)

Os pontos verdes no mapa mostram locais onde há rochas contendo elementos que só se formam na presença de água. A evidência reacende a dúvida sobre a possibilidade de ter existido vida no planeta (Imagem: ESA/CNES/CNRS/IAS/Université Paris-Sud, Orsay; NASA/JPL/JHUAPL)

Por fim, o terceiro mapa representa a distribuição da areia vermelha que cobre o planeta, formada pelo óxido de ferro das rochas. O registro mostra aos pesquisadores alterações na atmosfera de Marte há 3,5 bilhões de anos – as tempestades de areia e o desgaste dessas rochas são marcas da ação do clima no planeta. “A areia é um elemento chave para entender a atmosfera e o clima de Marte”, garante Olivier.

Mapa da distribuição de poeira sobre a superfície de Marte. As regiões avermelhadas indicam áreas com maior concentração de poeira (Imagem: ESA/CNES/CNRS/IAS/Université Paris-Sud, Orsay)

Mapa da distribuição de poeira sobre a superfície de Marte. As regiões avermelhadas indicam áreas com maior concentração de poeira (Imagem: ESA/CNES/CNRS/IAS/Université Paris-Sud, Orsay)

Segundo o cientista, os mapas criados pela equipe podem ser pontos de partida para outras pesquisas sobre o planeta vermelho. “Esses mapas podem responder perguntas como: por onde começar uma futura pesquisa? Onde encontrar melhores amostras de solo para estudo? Qual é o melhor lugar para uma futura missão tripulada a Marte?”.

Enquanto isso não vira realidade, os mapas alimentam a nossa imaginação sobre o planeta vermelho!