De saias, às urnas

No dia 7 de outubro, haverá eleições em todo o país. Neste dia, todos os brasileiros maiores de 16 anos terão a chance de escolher bons políticos para governar suas cidades, num exercício de democracia aberto a toda a população. Mas nem sempre foi assim. Você sabia que houve uma época em que as mulheres simplesmente não podiam votar?

No Brasil, as mulheres votaram pela primeira vez em 1932 (Foto: Kheel Center / Cornell University)

Há eleições no Brasil desde a Proclamação da República, em 1889. Porém, no início, apenas homens com mais de 21 anos que soubessem ler e escrever podiam votar. Somente em 1932 as primeiras mulheres foram às urnas, após um decreto do então presidente Getúlio Vargas (saiba mais sobre a história da democracia e das eleições na CHC 64).

A mudança foi boa para o país: a educação e a saúde melhoraram muito depois que as mulheres se tornaram eleitoras. É que, após conseguir esse direito, as brasileiras começaram a estudar mais para poder exercê-lo.

Com maior nível educacional, as mulheres entraram no mercado de trabalho e melhoraram também suas condições de saúde”, conta o economista José Eustáquio Alves, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. “Ter maior qualidade de vida e maior autonomia foi bom não somente para as próprias mulheres, mas também para seus filhos, para suas famílias e para toda a sociedade”.

Bertha Lutz, cientista e líder na luta pelos direitos femininos (Foto: Wikimedia Commons)

Na luta pelo direito ao voto feminino, uma cientista teve papel de destaque: a bióloga Bertha Lutz. Em 1922, ela ajudou a fundar e presidiu a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, organização que buscava promover a educação e a profissionalização das mulheres. Ela não só liderou a campanha pelo voto feminino, como também pelo direito de as mulheres se candidatarem – a própria Bertha foi eleita deputada federal em 1936.

Você pode estar se perguntando: por que toda essa luta para votar? Ora, porque é uma oportunidade importante de participar do futuro do país! “Votar é expor nossa satisfação ou insatisfação com a atuação dos políticos eleitos ou candidatos. Se não participamos, abrimos mão desse direito”, explica a socióloga Clara Maria de Oliveira Araújo, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Após 80 anos participando das eleições, as mulheres brasileiras têm muito que comemorar. Hoje, o Brasil já tem mais mulheres do que homens votando, e até uma presidente mulher. “Poucos países até hoje tiveram mulheres como governantes”, lembra Clara. Parabéns para as brasileiras!