Dragões existem?

Dragões fazem parte do imaginário de vários povos, especialmente da Ásia e da Europa. São muitos os mitos e lendas sobre animais fantásticos semelhantes a serpentes ou lagartos imensos e geralmente alados. Recentemente, livros, filmes e desenhos animados têm apresentado dragões como vilões ou mesmo como ajudantes dos heróis. Eu, quando criança, ficava encantado com o incrível Tiamat, o dragão de cinco cabeças do desenho Caverna do Dragão.

A palavra “dragão” tem origem no latim (i)draco(/i) e do grego (i)drakon(/i). Originalmente, parecia se referir a grandes serpentes. (foto: Ville Miettinen – CC BY-NC 2.0)

A palavra “dragão” tem origem no latim (i)draco(/i) e do grego (i)drakon(/i). Originalmente, parecia se referir a grandes serpentes. (foto: Ville Miettinen – CC BY-NC 2.0)

Alguns pesquisadores sugerem que as lendas sobre dragões podem ter surgido quando povos antigos, milhares de anos atrás, encontravam ossos de dinossauros e não faziam ideia do que eram de fato. Algo parecido aconteceu com ossos de elefantes-anões e o mito do ciclope, que eu já contei aqui em ‘O Nome dos Bichos’.

Infelizmente – ou felizmente – dragões tal como contam as histórias jamais existiram. Mas, há um grupo de lagartos que recebeu o nome científico Draco, e não foi à toa! Embora não possam voar como os lendários monstros, esses lagartos são capazes de planar. Isso porque algumas costelas deles são bastante longas, separadas umas das outras e capazes de se mover como um leque. Quando o “dragão” está no alto de uma árvore e precisa fugir de um predador, ele simplesmente “abre” seu leque de costelas como se fossem saltar, planando para longe do perigo.

Um verdadeiro lagarto-dragão das florestas do sudeste da Ásia e um desenho do seu esqueleto. Repare nas longas costelas que se abrem como asas quando o lagarto salta de uma árvore a outra. (foto: Wikimedia Commons)

Um verdadeiro lagarto-dragão das florestas do sudeste da Ásia e um desenho do seu esqueleto. Repare nas longas costelas que se abrem como asas quando o lagarto salta de uma árvore a outra. (foto: Wikimedia Commons)

Existem mais de 40 espécies de Draco conhecidas pelos cientistas. A primeira a ser descoberta foi nomeada Draco volans, que significa “dragão voador” em latim. Algumas espécies ganharam nomes em homenagem à região onde foram descobertas, como é o caso de Draco mindanensis, D. palawanensis, D. sumatranus e D. timorensis, nativas das ilhas de Mindanao, Palawan, Sumatra e Timor, no sudeste da Ásia. Outras foram batizadas em homenagem a pesquisadores, geralmente amigos daqueles que as descobriram, como Draco guentheri, nome em honra a Albert Günther (1830–1914), um dos maiores especialistas em répteis de todos os tempos.

E que tal as espécies cujo nome faz referência a alguma característica que elas têm, como Draco spilonotus (“costas manchadas”, em grego), Draco cyanopterus (“asas azul-esverdeadas”, em grego), Draco cornutus (“chifrudo”, em latim), ou Draco haematopogon (“barba de sangue”, em grego)? Incrível, não é?

Um lagarto-dragão ((i)Draco spilonotus(/i)) com as “asas” abertas e seu longo papo amarelo estendido, que pode ser usado para o lagarto parecer maior ou para atrair fêmeas. (foto: Wikimedia Commons)

Um lagarto-dragão ((i)Draco spilonotus(/i)) com as “asas” abertas e seu longo papo amarelo estendido, que pode ser usado para o lagarto parecer maior ou para atrair fêmeas. (foto: Wikimedia Commons)

Talvez o nome do Draco formosus, uma espécie que vive na Tailândia e na Malásia, resuma bem a maior característica desses verdadeiros dragões: a formosura!