Devagar, devagarinho

Os bichos-preguiça são animais tipicamente americanos. Por quê? Ora, na natureza, são encontrados apenas nas Américas Central e do Sul, especialmente no Brasil. Os cientistas classificam esses animais em dois gêneros: Bradypus e Choloepus.

Os bichos-preguiça são mamíferos arborícolas, ou seja, que vivem em cima das árvores. Eles passam a maior parte do tempo pendurados, segurando-se com suas longas garras. Algas costumam crescer sobre seus pelos, dando-lhe uma coloração esverdeada e ajudando-os a se esconder de predadores. (foto: Amaury Laporte / Flickr / CC BY-NC 2.0)

Os bichos-preguiça são mamíferos arborícolas, ou seja, que vivem em cima das árvores. Eles passam a maior parte do tempo pendurados, segurando-se com suas longas garras. Algas costumam crescer sobre seus pelos, dando-lhe uma coloração esverdeada e ajudando-os a se esconder de predadores. (foto: Amaury Laporte / Flickr / CC BY-NC 2.0)

O nome Bradypus significa “pé lento”, em grego, e faz uma referência à lentidão desses animais. Já o nome Choloepus, que também tem origem grega, quer dizer “pé aleijado”. Nome estranho, não é? Mas há uma explicação. As espécies de Bradypus apresentam três dedos nos pés e nas mãos, por isso também são chamadas de preguiças-de-três-dedos. Já as Choloepus, embora também tenham três dedos nos pés, apresentam apenas dois dedos nas mãos, sendo, por isso, conhecidas também como preguiças-de-dois-dedos. Talvez seja essa característica que fez o alemão Johann Illiger criar o nome Choloepus em 1811. Mas, vale lembrar, apesar do nome, as Choloepus não são aleijadas.

As preguiças atuais são classificadas em dois grupos: as preguiças-de-três-dedos (à esquerda) e as preguiças-de-dois-dedos. Todas elas têm hábitos parecidos, vivendo em árvores, movendo-se pouco e alimentando-se de folhas. (fotos: Dick Culbert / CC BY 2.0 e Harvey Barrison / CC BY-SA 2.0)

As preguiças atuais são classificadas em dois grupos: as preguiças-de-três-dedos (à esquerda) e as preguiças-de-dois-dedos. Todas elas têm hábitos parecidos, vivendo em árvores, movendo-se pouco e alimentando-se de folhas. (fotos: Dick Culbert / CC BY 2.0 e Harvey Barrison / CC BY-SA 2.0)

Existem quatro espécies de preguiças-de-três-dedos. Três delas podem ser encontradas no Brasil: a Bradypus tridactylus (“três dedos”, em grego) vive em parte da Amazônia, a Bradypus torquatus (“de colar”, em latim) ocorre apenas na mata atlântica e a Bradypus variegatus (“variegado”, ou seja, de muitas cores, em latim) vive em áreas de mata de diversas regiões, especialmente na Amazônia e na mata atlântica. A única espécie de preguiça-de-três-dedos que não ocorre por aqui é a Bradypus pygmaeus (“anã”, em latim), descoberta em 2001 e que só existe na ilha Escudo de Veraguas, no Caribe.

As três espécies de preguiças-de-três-dedos encontradas no Brasil. Da esquerda para a direita: <i>Bradypus torquatus</i> (preguiça-de-coleira), <i>B. tridactylus</i> (preguiça-de-garganta-amarela) e <i>B. variegatus</i> (preguiça-de-garganta-marrom). A preguiça-de-coleira é considerada mais rara e está ameaçada de extinção por causa da destruição da Mata Atlântica, onde vive (fotos: Carlos Henrique Nogueira, Allan Hopkins e Charlie Jackson)

As três espécies de preguiças-de-três-dedos encontradas no Brasil. Da esquerda para a direita: Bradypus torquatus (preguiça-de-coleira), B. tridactylus (preguiça-de-garganta-amarela) e B. variegatus (preguiça-de-garganta-marrom). A preguiça-de-coleira é considerada mais rara e está ameaçada de extinção por causa da destruição da Mata Atlântica, onde vive. (fotos: Carlos Henrique Nogueira, Allan Hopkins e Charlie Jackson)

As preguiças-de-dois-dedos, por outro lado, vivem exclusivamente na Amazônia. As duas espécies desse grupo podem ser encontradas no Brasil: a Choloepus didactylus (“dois dedos”, em grego) e a Choloepus hoffmanni (homenagem a Karl Hoffmann, médico e pesquisador alemão que, no século 19, trabalhou na Costa Rica, onde a espécie foi descoberta).

As preguiças-de-dois-dedos são também conhecidas como preguiças-reais. No Brasil, <i>Choloepus didactylus</i> (à esquerda) vive em quase toda a região amazônica, enquanto <i>C. hoffmanni</i> (à direita) é encontrada no Acre, Rondônia, oeste do Amazonas e norte do Mato Grosso. (fotos: Geoff Gallice / CC BY 2.0 e Harvey Barrison / CC BY-SA 2.0)

As preguiças-de-dois-dedos são também conhecidas como preguiças-reais. No Brasil, Choloepus didactylus (à esquerda) vive em quase toda a região amazônica, enquanto C. hoffmanni (à direita) é encontrada no Acre, Rondônia, oeste do Amazonas e norte do Mato Grosso. (fotos: Geoff Gallice / CC BY 2.0 e Harvey Barrison / CC BY-SA 2.0)

Embora sejam chamados bichos-preguiça, esses animais nada têm de preguiçosos. Eles dormem muito e se movem bem devagar porque seu organismo funciona lentamente, por diversos motivos. Um deles é a dieta: as preguiças se alimentam basicamente de folhas pouco nutritivas e que demoram muito para serem digeridas. Para você ter uma ideia, um bicho-preguiça faz xixi e cocô só uma ou duas vezes por semana! Se comparadas com outros mamíferos de tamanho semelhantes, as preguiças possuem também poucos músculos e uma temperatura corporal mais baixa. Tudo isso ajuda para que fiquem mais lentas, economizando energia ao máximo.

Se os bichos-preguiça são tão vagarosos, devem ser um alvo fácil para animais como onças e gaviões, certo? Errado! Essa lentidão toda, somada à cor da sua pelagem, na verdade ajuda as preguiças a passarem despercebidas pelos predadores em muitas ocasiões.

Devagar, devagarinho, o bicho-preguiça vai levando a vida tranquilo!

Matéria publicada em 19.08.2016

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Henrique Caldeira Costa

Curioso desde criança, Henrique tem um interesse especial em pesquisar a história por trás dos nomes científicos dos animais, que partilha com a gente na coluna O nome dos bichos

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