Um matemático misterioso da Grécia antiga

No fim do recreio, a garotada entrou na sala desanimada. O professor havia escrito no quadro a lição do dia: teorema de Pitágoras. Notou a tristeza da turma e perguntou qual era o problema. “A matemática, professor!” — respondeu um aluno — “O senhor vai ensinar mais uma fórmula!”

— Quem inventou isso? Para quê serve? — indagou outro estudante. Era a chance que o mestre esperava para dar uma aula diferente. Antes de explicar o significado do teorema e sua aplicação, falou sobre quem o criou: Pitágoras, filósofo e matemático grego que viveu no século 6 antes de Cristo (a.C.).

Foi Pitágoras o inventor da palavra filósofo. Certa vez, enquanto assistia aos jogos olímpicos, o príncipe Leon perguntou a ele como definiria a si mesmo. Pitágoras respondeu: “Eu sou um filósofo”. O príncipe ficou intrigado. O filósofo olhou a seu redor e explicou: “Na multidão aqui reunida, alguns vieram em busca de fama, outros à procura de lucros. Mas entre eles, alguns vieram observar e entender o que se passa aqui. Eu os chamo de filósofos. Embora nenhum homem seja completamente sábio, o filósofo ama a sabedoria como a chave para os segredos da natureza.”

 

A história de Pitágoras é cheia de mistérios! Há poucas imagens de seu rosto (veja ao lado um busto dele). Ninguém sabe ao certo como ele morreu e nem se histórias que contam sobre ele são verdadeiras. O matemático fundou uma associação religiosa e secreta, foi perseguido por suas idéias e odiava ser contestado. Percebeu a harmonia dos sons e criou o talvez mais famoso teorema da matemática, que tornou mais precisas as construções. Suas descobertas revolucionaram a matemática e o conhecimento humano.

Ele deve ter nascido por volta de 580 a.C., na ilha de Samos, hoje parte da Grécia. Adulto, foi ao Egito e à Babilônia. Mas não buscava diversão! Queria aprender matemática, pois egípcios e babilônios faziam cálculos complexos para construir prédios, por exemplo. Para eles, os cálculos deviam dar a resposta certa. Por que isso acontecia era irrelevante.

Esse modo de pensar incomodava Pitágoras. Ele queria entender os números e não apenas utilizá-los. Voltou à ilha de Samos para fundar uma escola de filosofia e matemática e buscar o significado dos números. Ao chegar, soube que o tirano Polícrates governava e a sociedade se tornara intolerante e conservadora.

Polícrates seguia o orfismo, doutrina segundo a qual o homem deveria idolatrar o deus Dionísio para ser liberto. Pitágoras a criticava, pois achava que o caminho para a salvação era a matemática. Quando o tirano o convidou para participar da corte, recusou a oferta. Sabia que ele queria silenciá-lo! Fugiu para uma caverna, onde estudava sem temer perseguições. Como queria transmitir conhecimentos… pagava um aluno! Criou a escola Semicírculo de Pitágoras e o estudante gostou tanto dele que passou a segui-lo sem ganhar dinheiro. Ao sentir que precisava ensinar mais pessoas, Pitágoras deixou sua terra natal com a mãe e o discípulo.

Em Crotona, cidade no sul da Itália, conheceu Milo — um homem forte que gostava de matemática e filosofia e deu sua casa para Pitágoras fundar a Irmandade Pitagórica, associação religiosa e filosófica com cerca de 600 membros, os pitagóricos. Quem seriam eles? Não perca a continuação deste texto para descobrir!

Leia mais: Introdução | A Irmandade Pitagórica| O teorema de Pitágoras

Matéria publicada em 27.09.2001

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    Publicado em 2 de setembro de 2020 Responder

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Julio Cattapan

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