Mulheres não podem votar? Quem disse?!

Imagine uma família de quatro irmãos: duas meninas e dois meninos. O final da semana se aproxima e o pai pergunta se eles preferem ir à praia ou ao parque. Os quatro começam a falar ao mesmo tempo, mas o pai diz que apenas a opinião dos meninos será válida, as meninas não têm direito a votar. Isso lhe parece um absurdo? Pois é mesmo, e dos grandes! Essa situação ilustra como é absurdo que algum dia as mulheres não puderam votar. Isso aconteceu de verdade. E vamos contar mais para você!

Ilustração Evandro Marenda

Há cerca 300 anos a política dos países da Europa começou a mudar. Se antes poucos participavam das decisões que afetavam a comunidade, a partir do século 18, mais e mais indivíduos puderam expressar a sua vontade política. Cada homem tinha o direito de se expressar por meio de um voto. Isso significava que todas as opiniões contavam de igual forma. Mas estamos falando dos indivíduos homens, porque as mulheres – acredite! – não foram convidadas a se manifestar.

Isso aborreceu algumas mulheres, que se queixaram por não serem tratadas de maneira igual aos homens e se perguntaram: “Como podemos obedecer a leis se não participamos da elaboração delas?”. As respostas que recebiam para manter as coisas do jeito que estavam eram as mais variadas e criativas…

O que mais ouviam era que as mulheres deveriam se dedicar apenas aos assuntos da casa. Ouviam ainda que a “natureza” havia feito as mulheres de modo diferente dos homens e, por isso, elas eram menos capazes de compreender as complicadas questões da política. E escola parecia não apoiá-las também: os meninos eram educados de modo diferente das meninas, que passavam mais tempo bordando do que aprendendo a ler e escrever.

Teresa Cristina de Novaes Marques
Departamento de História
Universidade de Brasília