Mulheres independentes de 200 anos atrás

A vovó já preparou o lanche que vai levar para o trabalho amanhã. A titia está de emprego novo. A mamãe se atrasou para voltar porque tinha trabalho demais. Para nós, é muito normal que as mulheres trabalhem fora de casa. Mas será que há 200 anos era assim também? Podemos até pensar que isso não era tão comum, mas não passa de um engano. Na época da Independência do Brasil, muitas mulheres exerciam as mais diferentes profissões e levavam uma vida bem parecida com as das mulheres de hoje.

Ilustração Mariana Massarani

Se pudéssemos voltar no tempo e chegar ao Brasil em 1822, ano em foi proclamada a independência, veríamos muitas mulheres trabalhando nas mais diferentes atividades. Não estamos falando de mulheres brancas que pertenciam às classes mais altas e raramente precisavam se sustentar, mas das negras, das descendentes da união de pessoas negras e brancas e das brancas pobres. 

Elas eram costureiras, lavadeiras, fiandeiras, tintureiras ou padeiras. Podiam ter suas tendas, onde vendiam café, rolos de fumo, sal e animais silvestres (sim, àquela época era permitido vender animais silvestres!). Havia as que trabalhavam para modistas e cabelereiros franceses e juntavam dinheiro para montar suas próprias lojas. E também as que vendiam produtos em seus tabuleiros pelas ruas. Muitas trabalhavam na roça, ao lado dos maridos e companheiros, plantando e colhendo frutas e legumes. Muitas eram escravizadas, e trabalhavam tanto no serviço doméstico como na lavoura. E eram babás, cozinheiras, quituteiras – que faziam doces para vender. 

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Mary Del Priore
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.