O mistério de Kherima

Já faz quase dois mil anos que Kherima viveu no Egito. Há pouco menos de 200, ela mora no Rio de Janeiro, mais precisamente no Museu Nacional. A múmia foi arrematada em um leilão pelo imperador Dom Pedro I, em 1827, e desde então é uma das peças mais importantes do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista.

Kherima não era princesa, mas tinha origem nobre: era filha de um governador de Tebas, importante cidade do Egito Antigo. Viveu até cerca dos 20 anos, entre os séculos 1 e 2. A causa de sua morte permanece um mistério. (foto: Gabriel Toscano)

Kherima não era princesa, mas tinha origem nobre: era filha de um governador de Tebas, importante cidade do Egito Antigo. Viveu até cerca dos 20 anos, entre os séculos 1 e 2. A causa de sua morte permanece um mistério. (foto: Gabriel Toscano)

Kherima é especial. Seu corpo está embalsamado de maneira a ressaltar a beleza feminina: os membros envolvidos separadamente, com enchimentos modelando barriga, quadril e peito – um cuidado que só foi observado em outras nove múmias no mundo, todas encontradas na mesma tumba e, provavelmente, pertencentes à mesma família.

Além de bela, a múmia é cercada de histórias misteriosas. Tudo começou nos anos 1960, quando o professor Victor Staviarski, funcionário do Museu Nacional, dava aulas sobre o Egito na sala onde a própria múmia ficava exposta. Nessas aulas, o velho professor usava recursos inusitados para chamar a atenção dos alunos: música, efeitos cênicos, até hipnose! E houve gente que afirmou ter sensações esquisitas ao se aproximar da múmia…

Muitos desses alunos tornaram-se, mais tarde, arqueólogos, historiadores ou cientistas interessados no estudo das múmias. “Victor e Kherima trabalharam juntos por anos, e, à sua maneira, ajudaram o Museu Nacional a popularizar seus tesouros”, conta a bioarqueóloga Sheila Mendonça, ex-aluna do excêntrico professor. Sheila foi uma das responsáveis por um estudo que, com novas tecnologias, confirmou algumas informações sobre a múmia.

Técnicas de tomografia permitiram verificar a origem nobre de Kherima: era filha de um governador de Tebas, importante cidade do Egito Antigo. A pesquisa confirmou também que ela era uma jovem, que viveu entre 18 e 20 anos durante o período Romano no Egito, entre os séculos 1 e 2. Pelo formato do crânio, Sheila e equipe concluíram ainda que Kherima pode ter sido descendente de europeus. Apesar das novas descobertas, porém, a causa de sua morte ainda não foi identificada.

Muitas crianças visitam o Museu Nacional especialmente para conhecer Kherima e apreciar a beleza dos objetos que faziam parte do cotidiano do Egito Antigo. Você já esteve por lá? (foto: Gabriel Toscano)

Muitas crianças visitam o Museu Nacional especialmente para conhecer Kherima e apreciar a beleza dos objetos que faziam parte do cotidiano do Egito Antigo. Você já esteve por lá? (foto: Gabriel Toscano)

Mais sobre o Egito

Além de Kherima, o Museu Nacional possui mais de 700 peças do Egito Antigo. Outras múmias estão em destaque, como Sha-amun-en-su.

Ao viajar para o Egito entre 1876 e 1877, Dom Pedro II, que herdou a paixão pelo Egito do pai, recebeu de presente um caixão. Segundo a história, a múmia que descansava ali dentro havia sido uma cantora-sacerdotisa e viveu há cerca de 2.800 anos. Sha-amun-en-su se tornou a peça favorita da coleção de Pedro II, permanecendo inclusive no gabinete do imperador, onde ficou intacta. Até hoje, o caixão é um dos únicos no mundo que nunca foi aberto.

Com as tecnologias disponíveis hoje, cientistas já conseguiram analisar o que existe dentro do caixão sem precisar violá-lo. Eles descobriram que Sha-amun-en-su tem uma proteção especial em sua garganta – uma tentativa de preservar sua voz na vida após a morte.

Matéria publicada em 18.02.2014

COMENTÁRIOS

  • GUILHERME LETRA

    LEGAL A CHC DEMAIS

    Publicado em 22 de maio de 2020 Responder

  • Stella

    Muito obrigada a escrever esta noticia! Amei e já fui no Museu Nacional!

    Publicado em 25 de maio de 2021 Responder

  • lorena \ klewdma

    achei muito legal principalmente porque preciso fazer uma pesquisa e assim vou estudando e aprendendo mais

    Publicado em 28 de setembro de 2023 Responder

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Gabriel Toscano

Gosto de ouvir música, ver filmes, ler livros, viajar e conhecer pessoas diferentes. Estou sempre procurando aprender coisas novas!

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