Luz, câmera… pato-mergulhão!

O pato-mergulhão tem esse nome curioso por causa dos mergulhos que dá para capturar peixes com seu bico fino e serrilhado. Capaz de ficar até um minuto submerso, essa ave, atualmente, só é vista no Brasil, onde se concentra em Goiás, Tocantins, Paraná e Minas Gerais (fotos: Sávio Bruno).

Uma ave que gosta de viver perto de rios pequenos, caudalosos, com corredeiras e rochas e, mais importante, de águas limpíssimas! Quem é, quem é? O pato-mergulhão (Mergus octosetaceus), espécie que chegou até a ser considerada extinta. Difícil de estudar, esse animal foge a qualquer sinal de aproximação. Mas não é que, apesar disso, pesquisadores conseguiram captar imagens inéditas do seu comportamento?

Entre 2006 e 2007, Sávio Freire Bruno, da Universidade Federal Fluminense, e dois alunos foram quatro vezes ao Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais, para estudar e filmar patos-mergulhões. Camuflados, eles conseguiram imagens de dois ninhos da espécie e acompanharam as aves desde o dia em que elas puseram ovos até quando deixaram o local. Um feito e tanto, já que, até 2005, apenas quatro ninhos de pato-mergulhão haviam sido descobertos, embora a espécie seja conhecida há quase 200 anos!

Assista a um trecho do DVD Biologia e conservação do pato-mergulhão e veja como nascem os filhotes da espécie

Não pense, porém, que foi fácil fazer essas imagens, agora reunidas no DVD Biologia e conservação do pato-mergulhão. Essa ave protege seu ninho e sua família todo o tempo, emitindo sons e fugindo quando ouve ou vê alguma movimentação diferente. Até o clique da câmera fotográfica o assusta! O jeito foi investir na camuflagem!

No Brasil, de acordo com registros históricos, o pato-mergulhão foi visto pela primeira vez no Rio de Janeiro, mas em razão da poluição, não é mais encontrado no estado. A espécie também já viveu na Argentina e no Paraguai, mas desapareceu desses países. À direita, é possível ver, no Parque Nacional da Serra da Canastra, um pesquisador camuflado tentando fotografar o animal.

“Uma aluna minha usava um tipo específico de roupa camuflada, e notamos que os patos não a percebiam”, conta Sávio. Então, a equipe adotou a camuflagem até para as câmeras, fez abrigos usando rochas e folhas e muniu-se de paciência. Afinal, o pato-mergulhão assusta-se com facilidade e exige dedicação exclusiva para poder ser observado!

Há quase dez anos voltado para o estudo desse animal, Sávio conta que tanto trabalho valeu a pena. “Comecei a estudar essa espécie porque a falta de conhecimento sobre ela me instigava. Com o DVD, pude conseguir novas informações e divulgá-las, com o intuito de sensibilizar as pessoas sobre como é complexa e delicada a sobrevivência dessa ave”, conta. Poucos patos-mergulhões resistiram ao desmatamento, à poluição e à alteração dos rios. Portanto, conhecer a história desse animal alerta para a necessidade de se preservar a natureza e, principalmente, a água, que, para essa ave, precisa estar sempre limpíssima!

DVD Biologia e conservação do pato-mergulhão
Editado com o apoio da Universidade Federal Fluminense e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. Interessados em adquirir uma cópia devem entrar em contato com Sávio Freire Bruno, pelo correio eletrônico saviobruno@vm.uff.br ou pelo telefone (21) 2629-9530.

Matéria publicada em 06.07.2009

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Marcella-Huche

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