Inspirados pela natureza

Quando o assunto é mumificação, pensamos logo no Egito e em seus sarcófagos – aliás, vá correndo ver a CHC 239, que traz novidades sobre o tema. Apesar disso, é no deserto do Atacama, no Chile, que estão as múmias mais antigas do mundo. Elas pertencem a um povo chamado Chinchorro e datam de 7 mil anos atrás – dois milênios antes do início da mumificação no Egito.

Você deve imaginar que, na época dos Chinchorros, a tecnologia era bem precária. Como será, então, que eles aprenderam a conservar cadáveres que continuam inteirinhos até hoje? Pois saiba que essa pergunta deixou o arqueólogo Bernardo Arriaza, da Universidade de Tarapacá, com uma pulga atrás da orelha.

Além usar pedaços de madeira e fibra vegetal para deixar o esqueleto do mais firme, os Chinchorros pintavam o rosto das múmias com óxido férrico e desenhavam olhos e bocas para fingir que o cadáver ainda estava vivo (Fotos: Bernardo Arriaza)

Para desvendar esse mistério, Bernardo estudou como era o ambiente na época dos Chinchorros. Ele descobriu que existia uma grande quantidade de água e alimento disponíveis perto de onde o povo vivia. “Isso fez com que a população crescesse muito e aumentasse o número de mortos que eram enterrados perto das comunidades”, explica.

Por causa do clima quente e seco das areias do Atacama, os corpos que eram enterrados ali ficavam desidratados. A ausência de água impedia o crescimento de microrganismos que degradariam os cadáveres, gerando um fenômeno conhecido como mumificação natural. Como os Chinchorros enterravam os mortos em covas rasas, eles acabaram encontrando essas múmias e tiveram a ideia de preservar os cadáveres artificialmente.

Dar de cara com um morto bem conservado pode parecer assustador, mas, segundo Bernardo, foi assim que os Chinchorros aprenderam as técnicas de mumificação. “Com o tempo, eles aprimoraram a mumificação artificial, usando madeira para reforçar o esqueleto do cadáver e cobrindo sua cabeça com cabelo humano, como se fosse uma peruca”, explica o arqueólogo. De arrepiar!

Matéria publicada em 17.10.2012

COMENTÁRIOS

  • Anna Elise

    Que medo!

    Publicado em 7 de janeiro de 2019 Responder

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Mariana Rocha

Cresci gostando de fazer descobertas para escrever sobre elas. Na CHC consigo ser curiosa e escritora, tudo ao mesmo tempo!

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