Família preguiça

Foi por acaso que o paleontólogo Cástor Cartelle, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais, encontrou dois fósseis raros de preguiças durante uma expedição a uma gruta. Ambos pertencem à espécie Nothrotherium maquinense, extinta há 11 mil anos. Um deles era de uma preguiça adulta e o outro, de um bebê. Que surpresa boa!

Estudando os fósseis, os cientistas esperam descobrir, por exemplo, como o animal se desenvolvia ao longo da vida. Até hoje essa e outras perguntas não haviam sido respondidas porque nenhum feto de preguiça dessa espécie havia sido encontrado.

Em uma caverna em Minas Gerais, os pesquisadores encontraram fósseis de uma mamãe e de um bebê preguiças. (foto: Bruno Garzon)

Em uma caverna em Minas Gerais, os pesquisadores encontraram fósseis de uma mamãe e de um bebê preguiças. (foto: Bruno Garzon)

“Agora nós temos ossos de feto e adultos dessa preguiça. Ao compará-los, podemos ver como acontecia o desenvolvimento de ossos e dentes e seu crescimento com o passar do tempo”, conta Cástor, que ainda está no início de sua pesquisa.

O pesquisador espera encontrar explicações também sobre o desaparecimento da espécie. Como as preguiças eram safas e conseguiam escapar facilmente de seus predadores subindo em árvores com suas enormes garras, é improvável que tenham sido caçadas até sumirem.

O bebê preguiça pré-histórico descoberto no Brasil não vivia agarrado em árvores e não se parecia com as preguiça de hoje em dia. (ilustração cedida por Cástor Cartelle)

O bebê preguiça pré-histórico descoberto no Brasil não vivia agarrado em árvores e não se parecia com as preguiça de hoje em dia. (ilustração cedida por Cástor Cartelle)

Cástor acredita que a razão da extinção foi uma crise ambiental que deixou as temperaturas instáveis: ora fazia frio, ora, calor. “Com a crise, os alimentos e as pastagens diminuíram e as dificuldades de sobrevivência aumentaram”, diz o paleontólogo. “As fêmeas passaram a ter só um bebê por vez e a população foi diminuindo”.

Há muito ainda para descobrir, mas já sabemos que as preguiças pré-históricas não tinham quase nada em comum com as atuais. “As preguiças de hoje são muito lentas, com patas longas e adaptadas a escalar e pendurar-se em árvores acentuadas”, explica o pesquisador. “Já as que descobrimos eram bem rápidas, não tinham membros tão longos e tinham uma cauda bem grande. Se as comparamos com outros animais, podemos dizer que elas eram parecidas com um tamanduá, mas com o crânio de uma preguiça”.

Infelizmente, esses bichos não podem mais ser vistos por aí. Mas o fóssil da preguiça pré-histórica pode ser visitado em Minas Gerais, no museu da PUC. Se passar por lá, não deixe de fazer uma visitinha!

Matéria publicada em 20.03.2014

COMENTÁRIOS

  • Tauros

    sua revista é muito legal

    Publicado em 20 de agosto de 2020 Responder

  • karmen

    de acordo com o texto, o desenvolvimento das preguiças poderá ser estudado porque?

    Publicado em 26 de março de 2024 Responder

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Lucas Lucariny

Como bom futuro jornalista, gosto muito de ler, escrever e descobrir coisas novas. Sou fã de séries, filmes, futebol, música boa e, é claro, ciência!

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