E, no Nordeste pré-histórico…

Pense rápido: que animais habitam, hoje, o Nordeste brasileiro? Você consegue lembrar de alguma espécie de ave, mamífero, réptil ou anfíbio? Aposto que um passeio pela região permitiria observar algumas. Mas quem pode dizer que bichos viveram no Brasil há centenas de milhões de anos? Bem, nesse caso, a melhor fonte de informação são os fósseis. Dois deles, recém-descobertos, revelam espécies de anfíbios que habitaram os estados do Maranhão e Piauí. E são muito diferentes dos atuais!

Ilustração representa um ambiente lacustre tropical com 278 milhões de anos na região de Teresina, incluindo <i>Timonya anneae</i> (à esquerda, em tom mais claro) e <i>Procuhy nazariensis</i> (à direita). (ilustração: Andrey Atuchin)

Ilustração representa um ambiente lacustre tropical com 278 milhões de anos na região de Teresina, incluindo Timonya anneae (à esquerda, em tom mais claro) e Procuhy nazariensis (à direita). (ilustração: Andrey Atuchin)

Timonya anneae e Procuhy nazariensis viveram durante o período Permiano (cerca de 278 milhões de anos atrás). “Naquela época, os continentes eram unidos em uma enorme massa de terra chamada Pangeia e o planeta estava se recuperando de um longo período de congelamento”, conta o paleontólogo Juan Carlos Cisneros, da Universidade Federal do Piauí. Foi quando a vida começou a se espalhar novamente pelas regiões mais quentes.

Timonya anneae, encontrado na cidade de Timon, no Maranhão, era um pequeno anfíbio inteiramente aquático, com cerca de 40 centímetros de comprimento e membros curtos. “Essa espécie era uma excelente nadadora: seu corpo longo estava adaptado a uma natação serpenteante, no estilo das enguias”, diz Juan.

Crânio e parte do esqueleto de um exemplar jovem de <i>Timonya anneae</i>. (foto: Juan Cisneros)

Crânio e parte do esqueleto de um exemplar jovem de Timonya anneae. (foto: Juan Cisneros)

O outro anfíbio, nomeado Procuhy nazariensis e descoberto na cidade de Nazária, no Piauí, era maior – media cerca de 80 centímetros de comprimento – e comportava-se como predador, alimentando-se de pequenos peixes e anfíbios, incluindo, provavelmente, a Timonya. “O nome Procuhy está em língua timbira – um idioma antigamente falado no Piauí, no Maranhão e em Tocantins – e significa ‘sapo de fogo’, uma referência à formação geológica Pedra de Fogo, onde foi encontrado”, explica o paleontólogo. “Contudo, Procuhy não era um sapo, e sim um anfíbio arcaico, muito diferente dos que vemos hoje por aí hoje”.

Paleontólogo caminha em pedreira em Nazária, Piauí, onde uma das espécies foi encontrada. (foto: Kenneth Angielczyk)

Paleontólogo caminha em pedreira em Nazária, Piauí, onde uma das espécies foi encontrada. (foto: Kenneth Angielczyk)

Curioso, não achou? Quem sabe, no futuro, os cientistas não descobrem outros fósseis que revelem ainda mais bichos que conviveram com Timonya e Procuhy!

Matéria publicada em 06.11.2015

COMENTÁRIOS

  • Anna Elise

    Achei muito curioso!Aliás meu pai já morou no Piauí!Porém, eu nunca fui pra lá!

    Publicado em 18 de agosto de 2018 Responder

    • Sophia batista costa

      Legal

      Publicado em 21 de outubro de 2020 Responder

  • Sophia batista costa

    Legal

    Publicado em 21 de outubro de 2020 Responder

  • Sophia batista costa

    Amei

    Publicado em 21 de outubro de 2020 Responder

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Everton Lopes

Adoro viajar e ler. Quando era pequeno queria ser escritor, hoje, posso escrever sobre um monte de coisas novas que eu descubro aqui na CHC!

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