Quando criança, eu gostava de passar as tardes na casa de minha vó Chiquinha e sempre ia para lá após a escola. Além do cheirinho de pão fresco e de torresmo que vinham de sua cozinha, nas vizinhanças, encontrava-me com vários amigos: Luizinho, Neném, Lula, Manelzão e tantos outros que hoje já fazem parte de minha pré-história.
Com estes amigos, as conversas eram intermináveis e as idéias mais estranhas e mirabolantes sempre surgiam a partir dali:
– “Se cavarmos um buraco bem fundo, sairemos do outro lado do mundo. Vai ser lá na China” – afirmava Lula, sem duvidar.
Mais desconfiado, Manelzão dizia: “Duvido… DU – VI – DE – O – DÓ!”
– “Minha mãe disse que, se cavarmos bem fundo, vamos chegar ao inferno” – testemunhava Neném.
Como as dúvidas eram muitas e não havia como solucionar tamanho problema existencial – se encontraríamos os chineses ou então a moradia do capeta –, decidimos fazer um buraco. Exato, íamos escavar um buraco, tão profundo, mas tão profundo, que nos levaria aonde nenhum conhecido nosso havia chegado: ao centro da Terra ou então à China!
A grande aventura iniciou-se numa manhã de sábado, no terreno baldio que ficava ao lado da casa de minha avó. Após planejarmos tudo, decidimos que a escavação se iniciaria na sombra de um abacateiro. Teríamos, assim, a proteção contra o sol e os galhos serviriam para a amarração das cordas que nos ajudariam a fixar as roldanas para nosso transporte pelas profundezas da Terra.
Com uma enxada, uma pá e algumas latas, começamos com determinação. Bate daqui, raspa dali e em pouco tempo as surpresas do interior da Terra: minhocas, uma cobra-sem-cabeça e raízes para todos os lados. Mais e mais amigos se juntavam a nós e quem passava pelo local até estranhava aquela criançada cavando sem parar. E, assim, permanecemos por quase um mês. Cavamos, cavamos, cavamos e o buraco só aumentava. Mas afinal o que encontramos?
Se pudéssemos escavar tão fundo que fôssemos para o interior da Terra, perceberíamos que nosso planeta é formado por diferentes zonas, com rochas e temperaturas que são progressivamente mais quentes. As três principais áreas são: a crosta terrestre, o manto e o núcleo.
Vivemos sobre a crosta terrestre. Em sua superfície, ocorrem todos os processos naturais com que convivemos: as águas, ventos, mares e a atividade dos organismos. Já em seu interior se manifestam os fenômenos que por vezes são muito destrutivos para a superfície, tais como os terremotos e os vulcões.
Se conseguíssemos nos aprofundar mais de 90 quilômetros, chegaríamos então ao manto terrestre, o qual é formado por rochas cujas temperaturas atingem até 3,4 mil graus Celsius. Um pouco mais fundo, a partir de 2,9 mil quilômetros, estaríamos prestes a adentrar o núcleo terrestre, cujo centro, localizado a quase 6,4 mil quilômetros de profundidade, tem temperaturas em torno dos 6 mil graus Celsius, semelhante àquelas encontradas na superfície do Sol. Nem mesmo o inferno deve ser tão quente!
Mas alguém já viu ou pegou alguma rocha vindo destas profundezas? Realmente, não. No entanto, por meio dos estudos de geofísica e da propagação das ondas sísmicas geradas pelos terremotos, sabemos que a constituição da Terra se modifica com a profundidade. Além disso, a escavação de poços com pouco mais de 11 quilômetros de profundidade mostram que a temperatura no interior de nosso planeta aumenta progressivamente.
E então, o que encontramos na escavação que fizemos no terreno ao lado da casa de vó Chiquinha? Bem, após dois meses cavando e formando até um túnel que se desenvolvia na horizontal, fomos surpreendidos por um chinês! Bem, não era um chinês de verdade e sim o senhor Akira, um japonês dono da mercearia do outro lado da rua que falava coisas incompreensíveis.
Quase como numa tradução instantânea de japonês para português, percebemos o que acontecia. Havíamos acabado de estourar o encanamento de água da rua. Se não chegamos à China, naquele dia com certeza não faltou água no centro da Terra!
Luísa Ladeia
Amei! Do CHC eu acho que foi o mais interessante e o mais legal que eu já li!
Publicado em 16 de novembro de 2020
Enrico Barros
Enrico Barros-Colégio Franciscano PioXII
Uau ! Que aventura hein! Gostaria de ter participado também!!!
Publicado em 16 de novembro de 2020
Alice Brant
Nossa imagina só todo mundo da escola cavar um buuuuuuuuuracooooo bem fundo! A gente já estaria morto ! Lá é muitoooooooo quente se aqui na superfície já é quente imagina no centro da terra !??!!!
Publicado em 16 de novembro de 2020
JOCA bovone candido da silva
eu queria muito chegar ate o manto
Publicado em 16 de novembro de 2020
Maria Eduarda Menezes
Que legal deve ser muito quente mesmo na centro da terra deve ser la o lugar mais quente de todos e eu achei bem interessante gostei de saber mais mais vamos combinar é la que ninguém passa frio
Publicado em 16 de novembro de 2020
Manuela Solla
legal
Publicado em 16 de novembro de 2020
Eliana Rodrigues de Sousa
É muito legal
Publicado em 29 de abril de 2021
Nicolas 601
Legal, mas eu não consegui ler totalmente tudo, porém, entendi
Publicado em 15 de fevereiro de 2022
Maheli Lucas dos Santos
Amei. Vou passar para os meus alunos este texto.
Publicado em 6 de junho de 2023