Casa de preguiça

Olhando as preguiças de hoje, pequenas e vagarosas, habitantes do alto das árvores, fica até difícil acreditar. Mas, no passado, existiram preguiças gigantes – com até três metros de altura! – que escavavam túneis no chão para se abrigarem. “Conta outra!”, você pode estar pensando. Pois saiba que cientistas brasileiros descobriram uma dessas tocas e contaram à CHC detalhes do que viram por lá!

“Paleotoca” é o nome que se dá aos túneis escavados por animais como tatus e preguiças gigantes da pré-história. Muitas paleotocas já foram descobertas no Brasil – só no Rio Grande do Sul, mais de mil! (Foto: Projeto Paleotocas)

“Paleotoca” é o nome que se dá aos túneis escavados por animais como tatus e preguiças gigantes da pré-história. Muitas paleotocas já foram descobertas no Brasil – só no Rio Grande do Sul, mais de mil! (Foto: Projeto Paleotocas)

A descoberta aconteceu na cidade de Erechim, no Rio Grande do Sul. Durante uma obra para a construção de uma casa, funcionários encontraram um misterioso buraco na beira de uma encosta. Intrigada, uma moradora da região pesquisou na internet e acabou encontrando a página do Projeto Paleotocas, dedicado ao estudo de túneis construídos por animais pré-históricos. Entrou em contato e pediu que os cientistas do projeto fossem até lá.

Bingo! Era mais uma paleotoca brasileira, e das grandes. O túnel encontrado tinha cerca de 50 metros de comprimento, mas os pesquisadores acreditam que, originalmente, podia chegar a 100 metros! Nem preciso dizer que ficou todo mundo curioso para saber quem o havia escavado no chão…

“Somente dois tipos de animais extintos construíam esse tipo de abrigo: os tatus gigantes e as preguiças gigantes”, explica o geólogo Heinrich Frank, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. “Excluímos a possibilidade de terem sido tatus porque eles não cavavam buracos daquele tamanho, então só podia se tratar de uma toca de preguiças gigantes.”

Apesar do nome, as preguiças gigantes não eram nem um pouco preguiçosas. Elas podiam pesar até uma tonelada e cavaram um sistema bem organizado de túneis, divididos em “corredores de passagem” e “corredores dormitórios” (Ilustração: Ricardo Lopes / Projeto Paleotocas)

Apesar do nome, as preguiças gigantes não eram nem um pouco preguiçosas. Elas podiam pesar até uma tonelada e cavaram um sistema bem organizado de túneis, divididos em “corredores de passagem” e “corredores dormitórios” (Ilustração: Ricardo Lopes / Projeto Paleotocas)

Aventura perigosa
Explorar essa paleotoca não foi nada fácil. Antes mesmo de a aventura começar, os pesquisadores precisaram segurar a ansiedade para entrar na caverna, pois era preciso avaliar o risco de desabamento das casas próximas aos túneis.

Heinrich contou que esta foi uma das paleotocas mais perigosas que já visitou – para sua exploração, foi necessário instalar um exaustor (uma espécie de ventilador grande) na entrada, ligado a um longo duto de plástico que ia para dentro da toca e servia para purificar o ar lá dentro. “Tínhamos medo do desabamento de tetos e das paredes instáveis”, lembra o geólogo.

A movimentação das preguiças gigantes de um lado para o outro acabou deixando as paredes da paleotoca lisas. Ainda assim, é possível ver as marcas das garras e dos pelos desses animais pré-históricos na parede e no teto de sua casa ancestral (Foto: Projeto Paleotocas)

A movimentação das preguiças gigantes de um lado para o outro acabou deixando as paredes da paleotoca lisas. Ainda assim, é possível ver as marcas das garras e dos pelos desses animais pré-históricos na parede e no teto de sua casa ancestral (Foto: Projeto Paleotocas)

Mas o risco valeu a pena: a descoberta mostrou aos pesquisadores que as preguiças gigantes provavelmente vivam em grupos, já que teria sido impossível que apenas um animal cavasse túneis tão elaborados.

Matéria publicada em 18.12.2013

COMENTÁRIOS

  • ANNA ELISE

    NOSSA, EU NUNCA IMAGINARIA QUE UM ANIMAL DESSE PORTE ESCAVASSE!

    Publicado em 2 de junho de 2019 Responder

  • Kauã Litz

    Ok agora fiquei surpreso com está descoberta

    Publicado em 8 de setembro de 2021 Responder

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Isabelle Carvalho

Desde criança, sempre gostei de ler e escrever histórias. Hoje, estou muito feliz por poder contar muitas histórias sobre ciência na CHC!

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