Ameaçadas de extinção

Quando você leu o título desta matéria, provavelmente pensou que iríamos falar de espécies animais ou vegetais que podem desaparecer para sempre da natureza. Esse, claro, é um tema importante, mas o assunto de hoje também é: você sabia que algumas línguas também podem ser extintas? Aqui no Brasil, cerca de 1200 línguas indígenas já desapareceram desde que Pedro Álvares Cabral pisou na Bahia.

Mesmo após o sumiço de algumas línguas, parte delas continua presente. Línguas indígenas extintas podem dar frutos e se ramificar até formarem outras línguas usadas hoje. O português atual, por exemplo, inclui vários termos e expressões que são uma mistura das línguas que já foram ou são faladas aqui no Brasil (Foto: José Hilton Pereira da Silva / Flickr / CC BY-NC-SA 2.0)

A linguista Ruth Monserrat, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, explica que isso aconteceu porque muitos dos índios foram exterminados quando os portugueses chegaram às terras brasileiras. Só para você ter uma ideia, os historiadores estimam que a população indígena girava em torno de 2 a 4 milhões de pessoas. Hoje, os índios do país inteiro somam apenas 896 mil pessoas, falando mais ou menos 180 línguas diferentes.

Confira a edição da Rádio CHC sobre línguas indígenas

Uma língua é considerada ameaçada quando é falada por menos de 1 milhão de pessoas. “No caso das línguas indígenas brasileiras, é possível dizer que todas elas  são línguas ameaçadas de extinção”, lamenta Ruth. “Até o guarani, a língua indígena mais falada do Brasil, com  41 mil falantes, aproximadamente, está ameaçada”.

A boa notícia é que, do mesmo modo como acontece com os animais, a língua ameaçada de extinção pode ser resgatada, se trabalharmos com esforço e cuidado. “O principal é fazer com que os integrantes das comunidades indígenas continuem falando sua língua”, explica Ruth. “É preciso manter nessa população o orgulho pela língua e o costume de usá-la, principalmente dentro de casa”.

Já quem não faz parte de uma comunidade indígena pode ajudar incentivando a preservação das línguas, por exemplo, dentro das escolas, ensinando-as às crianças não indígenas.

Matéria publicada em 18.09.2012

COMENTÁRIOS

  • Anna Elise

    Nossa, coitado dos índios!

    Publicado em 4 de agosto de 2018 Responder

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Camille-Dornelles

Quando criança, gostava de fazer experimentos dentro de casa e explorar o mundo. Hoje, na CHC, me sinto brincando de cientista e trabalhando como jornalista ao mesmo tempo.

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