Um idoso muito ativo

O maçarico-do-papo-vermelho (Calidris canutus) é uma ave migratória que, todos os anos, pode voar até 30 mil quilômetros. Se você acha muito, saiba que um representante da espécie, conhecido como B95, está quebrando recordes de voo: em 18 anos de vida, ele já percorreu 540 mil quilômetros – mais do que a distância entre a Terra e a Lua, que é de aproximadamente 348 mil quilômetros!

Maçarico-de-papo-vermelho

O B95 é um maçarico-de-papo-vermelho muito especial. Enquanto as outras aves de sua espécie vivem até sete anos, ele conseguiu chegar aos 18. Sua história já inspirou livros e até uma peça de teatro (Foto: Jan van de Kam)

Todas as aves desta espécie têm alma de viajante. Elas nascem no Canadá e depois, fugindo do inverno rigoroso, voam até a Argentina, retornando para casa quando começa o inverno no hemisfério sul.

Essas longas jornadas são acompanhadas por cientistas de diversos países. “Capturamos as aves nos locais de descanso e tiramos as medidas e amostras de sangue para descobrir o sexo e as condições de saúde”, explica Patricia González, pesquisadora da Fundação Inalafquén, da Argentina. Os pesquisadores também colocam placas de identificação nas patas das aves, cada uma com um código único – como B95, nosso recordista.

Depois, os maçaricos-de-papo-vermelho são libertados para seguirem viagem.  “Gostamos de soltá-los em grupos, pois eles se sentem melhor assim”, explica Patricia.

Pesquisadores capturam aves para identificá-las e acompanhá-las

Pesquisadores colocam plaquinhas com códigos e anéis coloridos para identificar as aves. Cada cor representa o país onde o maçarico-de-papo-vermelho foi capturado – Canadá, Estados Unidos, Brasil, Argentina, Chile... (Foto: Fundação Inalafquen)

Além das centenas de milhares de quilômetros de voo, o B95 guarda um outro recorde, o de idade. Enquanto os maçaricos-de-papo-vermelho vivem, em média, sete anos, ele já viveu 18 anos ou mais. É um senhor idoso já, mas pra lá de ativo!

Infelizmente, a população de maçaricos-de-papo-vermelho vem caindo nos últimos anos. Uma das causas pode ser a ocupação humana das áreas onde as aves costumam descansar e se alimentar – postes de iluminação, veículos e até pessoas e cachorros correndo nas praias espantam as aves. Se nada for feito, aves idosas, como o B95, serão cada vez mais raras…

Matéria publicada em 19.07.2012

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LucasConrado

Já quis ser astronauta, cientista, astrônomo e biólogo. Sempre gostei muito de ler sobre ciência e hoje adoro escrever sobre isso!

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