Um herói cientista

Aí está o ator que interpreta Oswaldo Cruz na ópera “O Cientista”. Repare como o cenário é moderno, com projeções abstratas por trás da cena. (Fotos: Ana Limp/Fiocruz).

Você, fã de ciência, gosta também de dança, música e teatro? Se a resposta for “sim”, não pode perder essa chance. Uma ópera composta para contar a história do cientista brasileiro Oswaldo Cruz está em cartaz no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Essa é a primeira vez que um espetáculo desse tipo é todo feito no Brasil com o intuito de homenagear um homem das ciências, retratando-o como um grande herói.

Mas, antes de mais nada, diga lá: você sabe o que é uma ópera? A maioria das pessoas acha que ópera é teatro cantado, mas saiba que ela é muito mais do que isso. Nessa obra dramática, o teatro, a música e a dança se misturam formando um espetáculo grandioso. Os artistas interpretam músicas líricas no palco e são essas canções que contam a história – no caso da ópera “O cientista”, um pouco da vida e da obra de Oswaldo Cruz: suas angústias, medos, desejos, projetos e sonhos.

Talvez você não saiba, mas esse pesquisador brasileiro viveu no início do século 20, no Rio de Janeiro, então capital do país. Na época, o prefeito da cidade, Pereira Passos, estava botando abaixo cortiços e casebres para abrir grandes ruas e construir prédios pomposos no centro do Rio. Ele queria modernizar a capital e, para isso, instalou postes com luz elétrica na cidade, redes de água e esgoto, combateu doenças que matavam os cariocas… Nessa última tarefa, teve como braço direito ninguém menos que Oswaldo Cruz – o que é retratado na ópera “O cientista”.

No espetáculo, vemos o pesquisador andando pela Lapa – bairro famoso por seus cabarés, cassinos e vida noturna –, observando as doenças que afligiam as pessoas. Febre amarela, peste bubônica, tuberculose, difteria, malária, lepra, tifo, varíola… Caramba! Na época, o Rio de Janeiro tinha uma péssima fama pelo mundo, já que freqüentes epidemias alastravam doenças perigosas entre a população. Inspirado nos problemas que via quando caminhava pelas ruas, Oswaldo lançou-se ao desafio de combatê-las duramente.

Os cientistas também amam! Os artistas que interpretam Oswaldo e sua esposa Emília cantam uma canção para lá de romântica em um dos momentos mais bonitos da ópera.

Com o objetivo de acabar com a varíola, por exemplo, o pesquisador conseguiu tornar, em 1904, a vacinação contra a doença obrigatória. Mas vocês não imaginam a confusão que isso gerou! Algo que é tão normal hoje em dia, causou reboliço há cerca de 100 anos. Grande parte da população entendia muito pouco sobre as vacinas e ficou com medo de contrair a doença no momento da injeção. Já outras pessoas achavam que o governo não tinha o direito de se meter tanto na vida particular dos cidadãos. Juntando a insatisfação de tanta gente, o resultado não poderia ser pior: postes tombados nas ruas, vitrines estilhaçadas, bondes incendiados. A população se revoltou! Até a casa de Oswaldo Cruz foi apedrejada, como é mostrado na ópera, que também retrata a luta entre os capoeiras – grupos negros da época que haviam sido expulsos de suas casas – e os soldados do governo. Chute de cá, tiro de lá, a cena é emocionante, como muitos outros momentos da ópera “O cientista”.

Mas fique ligado! Caso você possa, compre o programa da ópera que é vendido logo na entrada. Lá estão escritas as letras das músicas cantadas pelos artistas. José Vitor Ibearra, de 9 anos, adorou o espetáculo, mas admitiu que não é nada fácil entender o que os artistas cantam. “Mesmo assim eu estou gostando. Adoro ver os músicos tocando”, contou ele, que já foi várias vezes ao Theatro Municipal e é baterista. “Depois eu vou ler o programa pra entender melhor a história”.

Ler, aliás, é sempre uma boa dica, seja para quem vai assistir à ópera ou para quem não poderá comparecer. Afinal, a história de Oswaldo Cruz é fascinante. Na página do Projeto Memória , por exemplo, há informações sobre o cientista, e a CHC também já publicou um dossiê sobre o pesquisador. Confira!

“O cientista”
Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Dia 15/12/06, às 20 horas. Camarote: R$ 180; balcão nobre: R$ 30; balcão simples: R$ 20, Galeria: R$10.
Dia 17/12/06, às 11 horas. Ingressos promocionais a R$ 1. (Chegue cedo para garantir sua entrada!).

Matéria publicada em 15.12.2006

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Rosa Maria Mattos

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